Rio de Janeiro - Trezentos ecologistas e membros de comunidades tradicionais da Amazônia ocuparam, nesta sexta-feira (15/6), as obras da usina de Belo Monte, no coração da floresta, a mais de 3.500 km do Rio de Janeiro, onde se celebra a conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável.
"Nossa luta está longe do fim. Nosso apelo ao mundo é que este rio (Xingu) se mantenha vivo", afirmou, em comunicado, Antonia Melo, coordenadora do Movimento "Xingu vivo para sempre".
O objetivo dos manifestantes - agricultores, pescadores, indígenas e ecologistas - é expor mais uma vez "os crimes sociais e ambientais cometidos com a construção dos grandes projetos hidroelétricos na Amazônia", acrescentou o texto.
[SAIBAMAIS]Belo Monte é a primeira de uma dúzia de represas que o governo brasileiro quer construir na região para garantir o abastecimento de energia que a sexta economia do mundo precisa para crescer.
Com picaretas e pás, os manifestantes abriram um canal para restaurar o fluxo natural do rio Xingu, enquanto ouros militantes formaram com seus corpos, deitados no chão, a mensagem "Pare Belo Monte".
Também plantaram 500 palmeiras de açaí para estabilizar as margens do Xingu, "destruídas no começo das obras", e colocaram 200 cruzes brancas para "lembrar os colegas que perderam a vida defendendo a floresta", destacou o texto.
O cacique Raoni, de 82 anos, conhecido em todo o mundo por sua luta em defesa da Amazônia e dos povos indígenas, pediu nesta quinta-feira no Rio de Janeiro que seja interrompida a construção da represa, à margem da conferência Rio%2b20 sobre desenvolvimento sustentável, iniciada na quarta-feira.
A usina de Belo Monte, em construção no Rio Xingu, ao custo de quase US$ 13 bilhões, terá 11.233 MW de potência (cerca de 11% da capacidade instalada do país) e inundará 502 km2, praticamente dobrando o espaço ocupado atualmente pelo rio.
As terras indígenas não serão afetadas, mas a construção da represa pode interferir nas comunidades que vivem perto, uma vez que não poderão pescar no rio.