Rio de Janeiro ; Vestindo saias curtas e longas, tops, camisetas e sutiãs, um grupo de cerca de 50 mulheres fez nesta sexta-feira (22/6) uma reedição da Marcha das Vadias, na Cúpula dos Povos, no Aterro do Flamengo. O protesto é contra a abordagem da imprensa da Marcha das Mulheres, que ocorreu na última terça-feira (18/6), e foi classificada como sexista pelas feministas.[SAIBAMAIS]
Segurando cartazes com os dizeres ;Mulher bonita é mulher que luta; e ;Fico nua para protestar, não para você gozar;, as mulheres marcharam entre o Museu de Arte Moderna (MAM) e o Monumento dos Pracinhas. Elas aproveitaram para criticar justificativas dadas para atos de violência de gênero, como o uso, pelas mulheres, de roupas curtas ou decotadas.
Uma das organizadoras da manifestação, a jornalista Jandira Queiroz disse que setores da imprensa se aproveitaram de um ato político das mulheres, de mostrar os seios, para vender produtos ; estratégia de propaganda que é condenada pelas feministas. Ela também avalia que os jornais ;estabeleceram com critérios próprios a imagem de uma musa que não existe;.
;Usaram de novo o corpo da mulher desnudo para vender um produto, neste caso, um jornal. Construíram uma musa, que é uma coisa que não existe no movimento feminista, que trabalha na base da horizontalidade, da igualdade. Tirar a blusa é um ato político para mostrar que o nosso corpo nos pertence e a gente faz o que quer. Não é pornografia;, declarou.
Outra organizadora que preferiu não se identificar também criticou a cobertura da imprensa na manifestação passada. Para ela, a mídia utilizou ;uma expressão símbolo da liberdade, de empoderamento;, contra as próprias mulheres, sem mencionar as reivindicações do protesto. ;Nos coisificaram mais uma vez para vender um produto;, analisou.
De acordo com o movimento, a marcha de terça-feira foi um protesto em defesa da igualdade entre os gêneros, em defesa da autonomia da mulher sobre o próprio corpo. ;Temos consciência que o machismo é um fenômeno sistêmico, inclusive na imprensa. Mas nós não somos objeto;, acrescentou a estudante de Brasília, Indira Barros, que também pede o ;amor livre;.
Jandira Queiroz ainda explica que a Marcha das Vadias surgiu para questionar o conceito de ;vadia;, que é usado para ;diminuir e humilhar;, justificando a violência. ;A culpa da violência é de quem violenta. Nunca de uma roupa curta, um decote;, concluiu.