Brasil

Projeto no Pará procura transformar a vida de estudantes universitários

postado em 13/07/2012 10:11
Belém ; Viver durante duas semanas em outra realidade social, desenvolvendo atividades com comunidades carentes espalhadas pelo Brasil, é o trabalho de 380 rondonistas, entre estudantes e professores universitários, que participam como voluntários da Operação Açaí, no Pará.

Para a estudante de comunicação social do Centro Universitário Internacional de Curitiba (Uninter), Alessandra Ferreira, 31 anos, o Projeto Rondon é uma experiência que muda vidas e faz com que os universitários saiam do conforto de suas casas para se deparar com outra realidade. ;Sempre vivi em um mundinho muito fechado e o que me motivou a vir trabalhar nesse projeto foi poder ampliar os horizontes. Nesses quatro dias em que a gente está na cidade, acredito que já mudei como ser humano;.

Alessandra e mais 19 estudantes estão desenvolvendo atividades no município paraense de Bonito, a cerca de 145 quilômetros da capital Belém. Eles deixaram o frio de 9 graus Celsius para enfrentar o clima quente e úmido do estado do Pará. De acordo com o professor do Uninter Jack de Castro Holmer, 27 anos, além da mudança de clima, há uma série de dificuldades, como a falta de água. ;Às 19h acaba a água. São 20 pessoas para tomar banho e quando voltam das atividades, não há mais água. Por isso, a gente tem de separar a água. São três garrafas PET por pessoa para o banho da manhã;.

[SAIBAMAIS]A Operação Açaí, que começou no último dia 6, abrange 19 municípios paraenses e conta com a participação de representantes de 38 instituições de ensino superior de nove estados e do Distrito Federal. Durante 17 dias, os universitários promovem palestras e oficinas sobre temas como cultura, direitos humanos, justiça, educação, saúde, comunicação, meio ambiente, trabalho, tecnologia e produção.



De acordo com a estudante de relações internacionais da Uninter Aline Stéfani Corrêa, 23 anos, o projeto está superando as expectativas. ;A gente está trabalhando em equipe, são 20 pessoas que não se conhecem, não têm intimidade nenhuma. Apesar de não ter estrutura aqui no Norte, há muita história de superação. Quando a gente está conversando com as pessoas, achando que vai ensinar alguma coisa, acaba aprendendo muito mais;.

Para o estudante de enfermagem da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) Guilherme Gomes Silva, 21 anos, o projeto permitiu conhecer um Brasil totalmente diferente. Ele e outros alunos estão trabalhando no município de Ipixuna do Pará. ;Eu vi que é possível viver mesmo sem coisas que você considera básicas. A gente está sem água, fica sem luz, mas, mesmo assim, está vivendo;.

As pessoas da comunidade também estão aproveitando a oportunidade. Segundo a dona de casa Ana Júlia Machado Mendes, 38 anos, o Projeto Rondon está sendo gratificante. ;A cidade precisa de iniciativas como essa. Pena que as pessoas são muito acomodadas e não dão muita importância;

Criado em 1967 pelo Exército, durante a ditadura militar, o programa foi interrompido por uma ação do governo entre 1989 e 2004, sendo retomado em 2005. De acordo com o coordenador de Operações do projeto, major Sidnei Sérgio Vial, estimular a consciência cidadã e o desenvolvimento local sustentável são alguns dos objetivos do Projeto Rondon. "Queremos dar uma lição de cidadania. Nesse quesito, o resultado é maravilhoso. Os universitários voltam diferentes, mais amadurecidos;.

O Projeto Rondon é realizado duas vezes por ano, durante o período de recesso das universidades. A gestão é feita por um comitê composto por oito ministérios. A Operação Açaí acaba no próximo dia 22. A segunda operação, denominada Capim Dourado, começa neste sábado (14/7) no Tocantins.

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