postado em 13/07/2012 17:39
Comunidades indígenas receberão até o fim deste mês unidades móveis para assistência odontológica. Vinte e cinco vans equipadas para atendimento odontológico foram adquiridas pelo Ministério da Saúde ao custo de R$ 3,8 bilhões e farão esse tipo de serviço em 15 regiões onde existem aldeias indígenas. São áreas às quais é possível ter acesso por terra, espalhadas por 23 unidades da Federação. Juntas, elas abrigam cerca de 390 mil índios.[SAIBAMAIS]Nesta sexta-feira (13/7), os dois primeiros veículos partiram de Tatuí (SP), onde são fabricados, em direção ao município de Barra do Garças, em Mato Grosso, próximo à comunidades Xavante. As outras vans seguirão viagem a partir de segunda-feira (16/7).
Segundo o secretário especial de Saúde Indígena do Ministério da Saúde, Antônio Alves de Souza, o sistema de unidades móveis levará os profissionais da saúde até os pacientes, possibilitando o tratamento in loco. ;A vantagem é que a equipe fica o tempo que for necessário, tratando todos os problemas daquela comunidade;, disse Souza.
Atualmente, o índio que precisa de tratamento dentário ou de qualquer outro atendimento de saúde tem de se deslocar até os polos-base, que são postos de assistência instalados nas proximidades das aldeias. Como existem apenas 50 polos-base no Brasil, número insuficiente para o atendimento dos índios, a saída é procurar o sistema de saúde pública dos municípios.
Antônio Souza diz que os problemas bucais das comunidades indígenas são os mesmos encontrados nos consultórios dentários das grandes cidades: cárie, má formação e gengivite, entre outros. A diferença é que, como em algumas aldeias não há consumo de açúcar, carnes vermelhas e carboidratos, as condições de saúde deles podem ser melhores do que as da população das cidades, em geral. Além disso, ressalta o secretário, o hábito de escovar os dentes ainda não foi introduzido em todas as comunidades. ;Em algumas, os índios mascam folhas ou raízes.;
Para Cleber Buzatto, secretário executivo do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), organismo vinculado à Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a adoção de unidades odontológicas móveis para atendimento aos índios é uma medida positiva, mas pontual. ;É uma ação que responde a uma pequena demanda nas comunidades. Tem havido uma série de manifestações dos povos indígenas denunciando a absoluta falta de estrutura;, diz Buzatto.
Segundo ele, faltam equipes, meios de transporte, remédios e equipamentos. Buzatto destaca que uma das principais dificuldades é a falta de profissionais. ;Em algumas regiões, não existem equipes para revezamento. Quando uma sai para descansar, não há outra que substitua;, diz.
O secretário do Cimi defende a realização de concursos públicos para que sejam contratados funcionários com formação adequada e disponibilidade para dedicação exclusiva às aldeias. ;É preciso que se avance no sentido de implementar a saúde indígena no SUS [Sistema Único de Saúde]", informa Buzatto, lembrando que a saída adotada tem sido a terceirização.