Os pequenos Yuri Paixão Pereira, de 2 anos, e Kevyn do Nascimento dos Santos, de 1, nunca estiveram em um ambiente formal de educação. Eles ainda não conseguiram vaga em uma creche. As mães, Edicléucia Paixão da Silva, 18, e Kelly do Nascimento Rufino, 26, são colegas e vizinhas na Quadra 5 do Varjão. Para elas, uma instituição para deixar as crianças significaria não apenas o desenvolvimento dos filhos, mas a possibilidade de ter melhores chances de emprego e, portanto, de renda. Edicléucia chega a pagar R$ 100 por mês para deixar Yuri com uma vizinha que cuida de mais de 10 crianças. ;Não tem nada lá, é só a casa dela mesmo. O melhor seria deixar em um lugar certo, matriculado, com infraestrutura para ele;, diz a empregada doméstica. Já Kelly, que não está trabalhando para ficar com o filho, reclama da falta de um local para Kevyn brincar: ;Ele é totalmente apegado a mim, não brinca com outras crianças. Eu não consigo fazer nada, muito menos trabalhar;.
As duas não conseguiram matricular os filhos em creches porque não tiveram retorno de vaga em mais de um ano de espera. As crianças são retrato de uma infância excluída das políticas públicas e de um país que não corresponde à expectativa de seus governantes. Na última quinta-feira, a presidente Dilma Rousseff afirmou, durante a 9; Conferência Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente, que a grandeza de um país não se mede pelo Produto Interno Bruto (PIB), e, sim, pelo que se faz pela população de até 18 anos. ;Uma grande nação deve ser medida por aquilo que faz para as suas crianças e para seus adolescentes, não é o Produto Interno Bruto, é a capacidade do país, do governo e da sociedade de proteger o que é o seu presente e o seu futuro, que são as suas crianças e os seus adolescentes;, disse, em meio a anúncios de redução de imposto para aquecer a economia.