Moradores da Vila Autódromo e pessoas que apoiam a permanência das 119 favelas situadas na zona oeste da capital fluminense fizeram hoje (26) uma manifestação em frente ao prédio do Tribunal de Justiça, no centro, contra o processo de desocupação da área, movido pela prefeitura do Rio. Segundo o presidente da Associação dos Moradores e Pescadores da Vila Autódromo, Altair Guimarães, entre os motivos para a desocupação são os empreendimentos imobiliários na região, motivados pelos grandes eventos esportivos como a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016.
Os manifestantes cobram do Poder Judiciário o direito à moradia e o respeito às 900 famílias que vivem na comunidade, localizada ao lado do Autódromo de Jacarepaguá, na zona oeste da cidade, usado até os anos 1980 para a etapa brasileira do campeonato de Fórmula 1. A Vila Autódromo existe há pelo menos 40 anos. E, segundo Guimarães, a permanência no local foi concedida em 1992 pelo então governador do estado Leonel Brizola, que deu aos moradores um título de posse do terreno por 30 anos.
;Nós temos esse título dado pelo governador do estado, Leonel Brizola. Esse título, tem a validade de 30 anos. Ele foi dado em 1922. E aí o que aconteceu: outro governador fez uma retificação desse título, passando de 30 anos para 99 anos. Eles teriam que respeitar o título;, declarou.
De acordo com Guimarães, a prefeitura alega que a Vila Autódromo foi construída em uma área ambiental e, por isso, precisa ser removida. ;O prefeito [Eduardo Paes] quer tirar a gente da Vila Autódromo dizendo que a gente agride o meio ambiente. O que a gente agride, ali, é a especulação imobiliária. O que vai acontecer com 75% da área do autódromo depois dos megaeventos? Vão acontecer edificações imobiliárias. Você investiria em uma área que tivesse uma favela perto? Não, porque desvalorizaria os imóveis;, destacou.
A Secretaria Municipal de Habitação informou, por meio de nota, que o motivo do reassentamento da comunidade é porque pelo menos dois terços de seus moradores estão em área de preservação ambiental. O órgão destaca que ;a comunidade está localizada às margens da Lagoa de Jacarepaguá e é cortada por três rios. Por isso, na área hoje ocupada pela Vila Autódromo, não pode haver qualquer tipo de construção;.
A secretaria diz ainda que, além da questão ambiental, ;a maior parte dos moradores não tem acesso a saneamento básico e vive em condições precárias e insalubres;. A nota também ressalta que as famílias só serão reassentadas quando os apartamentos do Parque Carioca, condomínio que será construído na Estrada dos Bandeirantes, também na zona oeste, forem concluídos. Segundo o órgão, as famílias não terão que pagar pelos imóveis.