postado em 05/08/2012 07:00
Os sintomas tomaram conta da cabeça e do corpo lentamente, em um processo silencioso. Cansaço sem fim, irritação, choros compulsivos e desinteresse. As horas dentro de sala de aula passavam arrastadas, o amor pela profissão já não era o mesmo e acordar para ir trabalhar era cada vez mais difícil. Mesmo assim, a professora Geusilene Bonfim, 44 anos, custou a acreditar que estava doente. Aconselhada pela direção do Centro Educacional Caseb, onde trabalha até hoje, ela procurou um médico e foi diagnosticada com depressão. Geusilene ficou 11 meses afastada. Depois de mais de dois anos em tratamento, ela voltou à escola e trabalha atualmente no apoio à coordenação. Apesar da expressão quase sempre alegre, os olhos da professora ainda reservam uma certa tristeza. ;Eu não tenho vontade de voltar a dar aula. Me sinto melhor agora, tem menos pressão;, considera.O desgaste físico e emocional que Geusilene experimentou são sintomas da doença associada ao esgotamento profissional. Após tratamentos com psicólogos e psiquiatras, ela admitiu que a depressão foi desencadeada, especialmente, pelo desinteresse dos estudantes dentro de sala, pelas péssimas condições de trabalho e pela sobrecarga de serviço. A docente, que lecionava geometria e ciências para o ensino médio, chegou a dar aula para 14 turmas, com 57 alunos cada uma. ;A depressão é um conjunto de fatores, mas o ambiente de trabalho influencia uns 90%. É desgastante demais e os professores ainda levam coisas para concluir em casa. A gente quer dar conta de tudo, mas isso vira uma bola de neve, que uma hora estoura;, justifica. A docente também garante que falta apoio da Secretaria de Educação. ;Isso é um descaso. Meu tratamento foi todo particular e os medicamentos são caros;, relata. Os profissionais da educação atualmente no DF não têm plano de saúde, mas ganham R$ 200 mensais de auxílio-saúde.