postado em 07/08/2012 08:21
O governo brasileiro enviou um contingente de cerca de 9 mil militares ; equipados com helicópteros de combate, navios-patrulha, aviões de caça e blindados ; para as fronteiras do país com o Paraguai, a Argentina e o Uruguai. É a chamada Operação Ágata 5, que começou ontem (6/8). A previsão é que dure até 30 dias."É uma operação de fronteira que tem por objetivo, sobretudo, a repressão à criminalidade", disse o ministro da Defesa, Celso Amorim. A Marinha enviou aproximadamente 30 embarcações para os rios da Bacia do Prata, entre elas três navios de guerra e um navio-hospital.
A Força Aérea Brasileira (FAB) participa da operação com esquadrões de caças F5 e Super Tucano, além de aviões-radar e veículos aéreos não tripulados. O Exército mobilizou infantaria e blindados Urutu e Cascavel de três divisões. As três Forças usam ainda helicópteros Black Hawk e Pantera, para transporte de tropas e missões de ataque.
A operação terá ainda o apoio de 30 agências governamentais, entre elas a Polícia Federal, que elevarão o efetivo total para cerca de 10 mil homens. O general Carlos Bolivar Goellner, comandante militar do Sul, disse que a área crítica de patrulhamento é entre as cidades de Foz do Iguaçu, no Paraná, e Corumbá, em Mato Grosso do Sul, onde é maior a maior incidência de tráfico de drogas e contrabando.
A presidenta Dilma Rousseff ordenou a Amorim a execução da Operação Ágata 5. "A ação visa a reforçar a presença do Estado na fronteira com a Bacia do Prata", disse Goellner. Segundo ele, as fronteiras serão fortemente guarnecidas e como consequência o tráfico de drogas e o contrabando devem ser "sufocados".
Para Samuel Alves Soares, professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e presidente da Associação Brasileira de Estudos de Defesa (Abed), a decisão de ampliar o número de homens armados na região de fronteira pode ser entendida como uma mensagem da disposição de aumentar a força brasileira.
"Os países [vizinhos] podem interpretar que é uma demonstração de força. [Essa operação] tem um simbolismo, um peso, que pode ser entendido de outra maneira", disse. Segundo o ministro da Defesa, Celso Amorim, todos os países da região estão a par das operações. "Todos os Estados vizinhos foram previamente avisados, informados, e convidados a enviar observadores [para a operação]", disse Amorim, no 6; Encontro Nacional da Abed, em São Paulo.
Pelos dados do governo, houve quatro edições da operação em diversas regiões de fronteira. Amorim lembrou que, em operações anteriores, a Venezuela e a Colômbia cooperaram com os brasileiros, fazendo ação semelhante de seu lado da fronteira.
De acordo com Amorim, a diplomacia brasileira criou ao longo dos anos um processo de integração regional e cooperação militar na América do Sul ; com órgãos como o Conselho de Defesa Sul-Americana, da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) ; que resultou em um "cinturão da paz" em torno do Brasil.
Nas quatro primeiras operações, foram apreendidas mais de 2,3 toneladas de drogas, 302 embarcações irregulares e 59 armas. As Forças Armadas também dinamitaram quatro pistas de pouso clandestinas e fecharam oito garimpos e cinco madeireiras ilegais. Também foram realizados 19 mil atendimentos médicos e 21 mil odontológicos para populações isoladas ou carentes.
Amorim reiterou ainda que a segurança pública é competência dos Estados e que a função dos militares é a defesa contra "ameaças externas". Ele disse porém, que pode haver exceções para essa regra, "desde que limitadas no tempo e no espaço".