Gustavo Werneck/Estado de Minas
postado em 14/08/2012 07:43
Belo Horizonte ; O corpo está em forma, a cabeça, tranquila, e o coração bate forte no ritmo da vida. Mas quem vê o eletricista aposentado Francisco das Xagas Silva, 66 anos, em casa ou na academia, correndo na esteira, custa a crer que ele sobreviveu, depois de infartar, a 70 paradas cardíacas num espaço de 12 horas e ficou sem sequelas. Morador do Bairro Floramar, na Região Norte de Belo Horizonte, Francisco abandonou de vez o cigarro ; chegou a fumar dois maços diários por quatro décadas ;, adotou uma dieta saudável e ganhou dos amigos o apelido de Highlander, o guerreiro escocês do cinema que atravessa os séculos e continua imortal. ;É um milagre de Deus;, acredita a filha única Ninotchka Lessa, 32, mãe de Rafael, de 3.
A história do homem nascido em Salinas, no Norte de Minas, ocorreu em 2008 e só agora vem à tona, com a tese de doutorado defendida na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) pela enfermeira Daniela Aparecida Morais, 35 anos. Desde 2005 ela se dedica aos casos relacionados à paradas cardíacas, em especial de pacientes em alta hospitalar, e terá, até o fim do ano, a pesquisa publicada em uma revista europeia, além de apresentação em congressos de cardiologia e terapia intensiva. ;Ele ressuscitou 70 vezes, faz ginástica e tem o estado mental normal. Geralmente, nesses casos, o comum é evoluir para óbito e ficar com sequelas;, explica Daniela. Foram 1.165 pacientes, mas a história de Francisco surpreendeu a professora e pesquisadora.