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Mesmo com seca, Brasileia e Assis Brasil, no Acre, temem início das chuvas

postado em 19/08/2012 17:00
Os moradores de Brasileia e Assis Brasil, no Acre, estão acostumados com a seca no período de agosto a outubro. O que eles temem agora é o período ;das águas;, que começará em outubro a abril. Na enchente deste ano, Brasileia foi a cidade mais afetada de todo o estado pelas fortes chuvas e cerca de 6 mil dos 22 mil habitantes do município foram afetados.

Toda parte baixa da cidade foi alagada. Em alguns pontos próximos ao rio, lojas e casas foram totalmente ou parcialmente cobertas. Hoje (19), todas as lojas que sobraram no calçadão, que tem ao fundo o Rio Acre, foram interditadas pelo Ministério Público. Mesmo assim parte dos lojistas se recusam a deixar o local mesmo vendo, ainda, a destruição que o rio causou a comerciantes vizinhos.

É o caso do dono de farmácia Licurgo Hassem. ;Essa não é área de barranco, não tem perigo de desbarrancar. A área de barranco fica a 60 metros daqui;, disse o acreano de 57 anos e que nasceu na cidade. Hassen diz que o alagamento da cidade ocorrido no início de 2012 só aconteceu porque o governo do estado não fez as obras necessárias de contenção da encosta do Rio Acre. ;Eles tinham que ter colocado a contenção de cimento com concreto armado na encosta;. Damião Borges Melo, representante do governo do Acre em Brasileia, disse que as obras de contenção das encostas na beira do rio começam em setembro.

[SAIBAMAIS]Quanto ao período de estiagem, Licurgo Hassem disse que acompanha ;visualmente;, ano a ano, o comportamento do rio. A seu ver essa não é a pior seca dos últimos anos. No sábado e manhã deste domingo choveu na cidade. Hassen acredita que a seca é um ;fenômeno marcado e premeditado pela natureza que não dá para se mensurar;.

O aposentado Epaminondas Rodrigues, 73 anos, também nascido em Brasileia, é outro que acredita numa nova reedição da cheia de 2012. ;Não acho que a tendência [da seca e das chuvas] seja de se intensificarem. Os campos estão verdes e não se compara à estiagem deste ano com a de 2006;, disse o aposentado.

Estudos feitos pela Secretaria de Meio Ambiente do Acre (SEMA), em parceria com a Agência Nacional de Águas (ANA), mostra o contrário: uma tendência de estiagens e período de chuvas cada vez mais intensos. O problema de lixo e esgoto bruto jogado diretamente no Rio Acre se repete tanto em Assis Brasil quanto em Brasileia. Em Assis Brasil o rio está praticamente seco em alguns pontos e as crianças brincam em seu leito com água que não chega ao tornozelo.

O comerciante de Assis Brasil, Júnior Melo, disse que a estiagem não é problema. "Pelo menos choveu e não há risco de queimar tudo como em 2006. A nossa preocupação é com a chuva dessa próxima invernada. Na última, praticamente toda a cidade [de 6 mil habitantes] foi afetada", disse Júnior Melo.


Na periferia de Brasileia, nos bairros de Samaúma e Leonardo Barbosa, a situação é crítica. No período das chuvas de 2012 uma parte de Leonardo Barbosa foi praticamente todo coberto pela enchente. Os dois bairros estão em um pedaço de terra cercado pela frente e por trás pelo Rio Acre. ;O medo do povo daqui é que os dois lados do rio se encontrem na próxima enchente;, disse o dono de bar, David Coelho da Silva, morador de Leonardo Barbosa. Ele admitiu que ;muitos moradores dos dois bairros; estão pensando em sair de suas casas antes do período das cheias de outubro desse ano e só retornarem em abril de 2013.

Outro morador do bairro, Ivonaldo Gomes de Oliveira, disse que seu pai construiu um cômodo de 5 m2 (metros quadrados) no fundo da casa já na encosta do rio. ;Quando veio a cheia levou tudo. E olha que eu disse para ele não fazer aquilo;. Nos dois bairros a reportagem constatou a existência de muito lixo ; garrafas pet, plástico e panos ; e esgoto bruto jogados em córregos que abastecem o Rio Acre. No meio do rio é possível ver grandes troncos de árvores, como buritis, trazidos pela última cheia, além de outras plantas.

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