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Moradores da Favela do Moinho enfrentaram outro incêndio há nove meses

postado em 17/09/2012 18:23
São Paulo ; Moradores da Favela do Moinho, na região central da capital paulista, enfrentaram na manhã desta sexta-feira (17/9) o segundo incêndio em menos de um ano na comunidade. Em dezembro passado, 1,2 mil famílias ficaram desabrigadas e duas pessoas morreram. Esse é o 33; incêndio de grandes proporções em favelas paulistanas este ano.

No acidente de hoje, uma morte foi registrada e mais 300 pessoas perderam suas casas, segundo cadastro da assistência social do município. De acordo com a Secretaria Municipal de Coordenação das Subprefeituras, 800 famílias moravam na Favela do Moinho no final de 2011, das quais, metade já teria sido removida após o primeiro incêndio com ajuda do auxílio-aluguel. O mesmo benefício deve ser oferecido às famílias atingidas pelo fogo de hoje. Os moradores relatam, no entanto, que o auxílio não é suficiente para pagar o aluguel e que as famílias acabam retornando para a comunidade.

O vigilante José Victor de Albuquerque, de 55 anos, relata que seus vizinhos estavam mudando com muita frequência, tendo em vista a oferta do auxílio. ;Você tira um [morador] e vem outro para o mesmo lugar. O valor que é oferecido [para pagar o aluguel] é muito pequeno. Não dá pra pagar nada. O melhor era receber uma casa mesmo e a gente ir pagando aos poucos;, avalia o morador, que perdeu todos os pertences no incêndio de hoje.

O valor do auxílio-aluguel é de R$ 450, segundo a prefeitura. De acordo com o secretário de Coordenação das Subprefeituras, Ronaldo Camargo, apenas 37 famílias retornaram ao local depois que os auxílios foram concedidos, entre abril e maio deste ano, o que não significa que a favela tenha se refeito. ;Nós vamos conferir com o cadastro de habitação e também de assistência social;, informou.

[SAIBAMAIS]Camargo disse ainda que um conjunto habitacional nas proximidades da Ponte dos Remédios, com 1,3 mil unidades, será concluído em até seis meses para acolhimento das famílias. Para evitar a ocupação do local sob o Viaduto Orlando Murgel, onde ocorreu o incêndio, o secretário informou que o lugar deve ser urbanizado e há projeto de se construir um parque. ;Isso aumentaria, inclusive, a permeabilidade, evitando enchentes;, explicou.

A favela atingida hoje é uma das 51 comunidades paulistanas que contam com o Programa de Prevenção e Combate a Incêndios em Assentamentos Precários (Previn). Para o major do Corpo de Bombeiros Marcelo César Carnevale, a atuação dos moradores ajudou a conter as chamas até a chegada das viaturas. ;O fogo não se alastrou tanto devido aos primeiros combates da comunidade;, avaliou.


Para o morador Charles Pereira, de 25 anos, que é zelador do Previn na comunidade, faltaram equipamentos para um combate mais eficiente. ;O que fiz foi quase o mesmo que faria sem o treinamento;, relatou. Ele acredita que um número maior de hidrantes e materiais de contenção, como extintores, ajudaria a controlar melhor as chamas. Segundo Charles, o hidrante foi instalado há cerca de três meses.

A Secretaria de Segurança Pública de São Paulo informou, no início da tarde de hoje, que uma pessoa acusada de ter provocar o incêndio foi detida e encaminhada ao 77; Distrito Policial. O suspeito teria colocado fogo no barraco após brigar com o companheiro.

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