Brasil

Governo diz ser "inaceitável" crítica dos EUA sobre protecionismo

postado em 21/09/2012 18:00
O governo do Brasil reagiu às críticas dos Estados Unidos que condenaram o que julgam ser o protecionismo brasileiro.O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse ser ;injustificável e inaceitável; a crítica norte-americana. Em protesto à afirmação, o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, enviou nessa quinta-feira (20) carta ao embaixador Ron Kirk, representante para o Comércio dos Estados Unidos.

;Nós consideramos injustificável e inaceitável, tanto no conteúdo como na forma, essa manifestação do responsável pelo comércio internacional norte-americano, Ron Kirk;, disse Patriota, depois de uma reunião sobre questões climáticas, no Palácio Itamaraty.

O ministro ressaltou ainda que a crítica do governo norte-americano é considerada inadequada pelas autoridades brasileiras. ;A resposta [carta enviada] que foi transmitida ontem mesmo mostra como é descabida e incongruente a carta [encaminhada pelos Estados Unidos];, destacou ele.

Para Patriota, os Estados Unidos são os principais beneficiados pela ampliação do mercado brasileiro. ;Se há um país que tem se beneficiado da ampliação do mercado brasileiro tem sido os Estados Unidos nos últimos anos;, disse ele.

O ministro destacou que as medidas adotadas pelo Brasil são reconhecidas pelos próprios norte-americanos e estão ;dentro da legalidade; da Organização Mundial do Comércio (OMC). ;Nós consideramos que é preciso procurar outras maneiras de se desenolver uma relação comercial equilibrada e mutuamente benéfica. Esse tipo de manifestação não é construtiva na nossa opinião;, ressaltou.

Na carta encaminhada a Kirk, o chanceler diz que os norte-americanos são os principais responsáveis pelas barreiras impostas, por exemplo, aos produtos agrícolas brasileiros. ;O Brasil tem sido obrigado a enfrentar a valorização artificial de sua moeda e uma enxurrada de mercadorias importadas a preços baixos. Os Estados Unidos têm sido um dos principais beneficiários desta situação;, reagiu, mais cedo, o chanceler. ;Preocupa-nos a perspectiva de continuação de subsídios ilegais concedidos à produção agrícola pelos Estados Unidos.;

O ministro destacou que esses benefícios concedidos à produção agrícola pelos Estados Unidos causam impactos negativos nas economias dos países em desenvolvimento. ;[Eles] impactam o Brasil e outros países em desenvolvimento, inclusive alguns dos mais pobres da África;, diz o texto.

Patriota diz ainda, na carta, que todos os mecanismos adotados pelo Brasil têm o respaldo da OMC e que o governo não abrirá mão dos instrumentos que julga legítimos. ;O governo brasileiro não abdicará de seu direito de fazer uso de todos os instrumentos legítimos permitidos pela OMC;, informa o texto.

[SAIBAMAIS] Em relação a eventuais efeitos negativos nas negociações na chamada Rodada Doha, como insinuaram as autoridades norte-americanas, Patriota negou impactos. ;Discordo totalmente de Vossa Excelência quanto aos efeitos que as medidas adotadas pelo Brasil poderiam ter sobre o resultado da Rodada Doha;, disse.



O ministro negou que a presidenta Dilma Rousseff, que estará nos Estados Unidos na próxima semana, irá reunir-se com o presidente norte-americano, Barack Obama. Segundo ele, não há encontro bilateral ;previsto;.

De 2007 a 2011, a venda de produtos norte-americanos para o Brasil dobrou, segundo dados oficiais. Em quatro anos, as exportações dos Estados Unidos para o mercado brasileiro saltaram de US$ 18,7 bilhões para US$ 34 bilhões. O Brasil passou de 16; para 8; maior mercado de produtos norte-americanos.

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