postado em 24/09/2012 07:47
Com caligrafia por vezes insegura, mas que preserva as evidências do capricho empenhado, presos de todas as partes do país contam suas agruras para a presidente Dilma Rousseff. São endereçadas a ela pelo menos 20% das cerca de mil cartas do cárcere que chegam mensalmente à Ouvidoria do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), ligado ao Ministério da Justiça. O número de correspondências recebidas pelo órgão, este ano, bateu recorde, atingindo 7,7 mil em agosto ; mesma quantidade computada nos 12 meses de 2011. Nas centenas de linhas dirigidas à chefe do Executivo, detentos suplicam por ajuda. A condição de mulher, de mãe e o passado de Dilma na prisão, durante a ditadura, permeiam os pedidos feitos por quem vive atrás das grades. Há solicitações de todo tipo: do perdão da pena a sugestões sobre como conduzir a nação.Condenada a seis anos e nove meses por envolvimento com drogas, uma presa de São Paulo, mãe de cinco crianças, sendo uma nascida na prisão, encerra a carta com aflição. ;Me ajuda, não como presidente, mas sim como mãe que tem seus 5 filhos a espera de um milagre, creio que um dia irei provar que realmente sou inocente;, despede-se. Outra detenta, também de São Paulo, dependente química, relata à presidente como surgiu a ideia de mandar a correspondência. ;Eu estava triste, desesperada e uma companheira me deu a ideia de contar minha história e me redimir diante de Vossa Excelência;, afirma a presa de 18 anos e um filho de 25 dias.