Segundo o advogado e diretor de relações étnico raciais do Instituto de Advocacia Racial e Ambiental (Iara), Humberto Adami, um novo instituto deve somar esforços à causa de proibir a adoção de obras de Monteiro Lobato, consideradas racistas, como livros didáticos.
Além das entidades Educação para Afrodescendentes e Carentes (Educafro) e da Sociedade Afrobrasileira de Desenvolvimento Sócio Cultural (Afrobras) - que entraram como assistentes processuais do Iara -, o Instituto Nzinga deve ingressar à causa até o final da tarde desta sexta-feira (5/10).
De acordo com Adami, o Nzinga vai trazer uma dissertação da professora Pietra Diwan sobre eugenia (conjunto teórico que pode ter ajudado a embasar o nazismo e o holocausto), além de documentos que apresentam uma possível ligação de Lobato com ideais racistas.
Adami informou que a revista Bravo! já havia divulgado supostas cartas onde Monteiro Lobato lamenta o fato de não haver um grupo Ku Klux Klan no Brasil. Adami garante que há mais grupos se organizando para que o processo continue no STF, com relatoria do ministro Luiz Fux.
Um dos objetivos, segundo o advogado, é desmontar "ataques" que ele próprio, o Iara, e o pesquisador de gestão educacional Antônio Gomes da Costa Neto vem sofrendo pelas pessoas nas redes sociais. Para a próxima semana, o Iara pretende antecipar a possibilidade de buscar auxílio internacional, tendo em vista tais supostas reações violentas. Apesar disso, Adami afirma: a polêmica tem ajudado a angariar mais apoio de outras partes da sociedade.
Proibição
O Iara já entrou com ações na Controladoria-Geral da União (CGU) contra dois livros do escritor Monteiro Lobato. Segundo o instituto, Negrinha e Caçadas de Pedrinho não atendem às diretrizes de aquisições do Programa Nacional Biblioteca da Escola (PNBE), por trazer conteúdo racista. Adami ressalta que tanto o Iara quanto Antônio Gomes da Costa Neto não querem censura aos livros de Lobato, e nem a qualquer autor nacional ou estrangeiro, sequer baní-los; apenas não permitir que as publicações entrem em desacordo com o PNBE. Uma reunião no último 25/9 entre representantes do Iara e do Ministério da Educação (MEC) tentou um acordo sobre a veiculação dos produtos, a ser apresentado no STF, mas sem consenso.