postado em 26/10/2012 16:48
Rio de Janeiro - A principal linha de investigação da Polícia Civil para a morte do desembargador aposentado Gilberto Fernandes, de 79 anos, em Niterói, na região metropolitana do Rio, é a de latrocínio (roubo seguido de morte). A informação foi dada pelo titular da 77; Delegacia de Polícia, em Icaraí, delegado Mário Luiz da Silva, em entrevista à Agência Brasil.O desembargador foi atingido por dois tiros - um na cabeça e outro no pescoço - na noite de quinta-feira (25/10) na Avenida Sete de Setembro, em Icaraí. Fernandes morreu na madrugada desta sexta-feira (26) no Hospital Estadual Azevedo Lima, em Niterói, após não resistir às cirurgias e aos ferimentos, informou a Secretaria Estadual de Saúde.
De acordo com o delegado, o magistrado dirigia seu carro pela Avenida Sete de Setembro, quando foi abordado por dois homens armados. No momento da abordagem, Fernandes teria dado marcha ré e, então, foi baleado. Após os disparos, os criminosos fugiram a pé. A Polícia Civil vai pedir imagens das câmeras de segurança de prédios vizinhos para ajudar nas investigações. "As pessoas que estavam no local é que vão poder nos fornecer melhores informações e detalhes. Com a exibição das imagens dos prédios próximos, é que vamos poder estabelecer eventual identificação dessas pessoas", disse o delegado.
Segundo Mário Luiz da Silva, a vítima estava acompanhada de um neto, menor de idade. Devido ao abalo emocional, parentes da testemunha pediram o adiamento do depoimento."Até o presente momento, tínhamos agendado a inquirição dos familiares, que já entraram em contato com a delegacia e pediram que esse depoimento fosse prestado posteriormente."
O presidente do Tribunal de Justiça do Rio, desembargador Manoel Alberto Rebêlo dos Santos, lamentou a morte do colega de profissão, que atuou durante quase 30 anos no Poder Judiciário estadual.
Gilberto Fernandes foi o primeiro negro a ocupar o cargo de desembargador no estado. Nascido no dia 30 de março de 1933, formou-se em 1962 pela então Universidade do Estado da Guanabara (atual Universidade do Estado do Rio de Janeiro). Ele foi nomeado juiz de direito em janeiro de 1974. Depois de trabalhar nas comarcas de Nilópolis, Niterói, Duque de Caxias, Petrópolis, Maricá e Saquarema, Fernandes foi promovido a desembargador. Em 1998, integrou a 13; Câmara Cível e, em 2003, se aposentou.
Na noite de ontem, o vereador eleito de Niterói, Lúcio Diniz Araújo Martelo, de 44 anos, conhecido como Lúcio do Nevada (PRP), também foi morto com vários tiros na porta de casa. Vários disparos atingiram o para-brisa do carro do vereador. O caso está sendo investigado pela 78; Delegacia de Polícia. Nenhuma hipótese de investigação foi descartada, segundo os policiais. O carro foi analisado pela perícia e a polícia aguarda o resultado dos laudos para tentar identificar os autores do crime.
Lúcio do Nevada era empresário ligado à indústria naval e foi eleito este ano, pela primeira vez, com 4.103 votos. Ele foi o sexto mais votado na cidade.
Os enterros do desembargador e do vereador ocorrerão na tarde desta sexta-feira (26) no Cemitério da Colina, no bairro de Pendotiba, em Niterói.