postado em 08/11/2012 12:50
A agenda de combate à corrupção não pode ser dissociada da busca pela igualdade de gênero, disse nesta quinta-feira (8/11) a representante da Federação Internacional de Mulheres Advogadas, Sheela Anish. Para ela, como ainda há pouca representatividade feminina nos setores de governança na maioria dos países, a corrupção está muito associada aos homens."Não vemos muitas mulheres em posições de governança e, em muitos lugares, elas ainda lutam por igualdade de condições. Normalmente, são os homens que estão envolvidos neste processo [de corrupção], mas as consequências disso não afetam só a eles, mas especialmente às mulheres, que ainda lutam por direitos básicos em muitos lugares", disse ao participar de um debate no segundo dia da 15; Conferência Internacional Anticorrupção, em Brasília. Anish também defendeu a participação "transparente e com credibilidade" da sociedade civil no combate à corrupção.
Durante a discussão, a presidenta da União de Cooperativas de Mulheres Las Brumas (que fica em Jinotega na Nicarágua), Haydee Rodriguez, também enfatizou a importância da atuação feminina no processo. Ela citou a experiência local de capacitação específica das mulheres que integram as cooperativas de sua região, a quem chama de ;mulheres da base;, na apropriação de leis e de instrumentos jurídicos a fim de identificar casos de corrupção, como desvio de verbas ou uso indevido do cargo público para benefício próprio.
Haydee também acredita que é fundamental fazer alianças estratégicas com as lideranças locais, como prefeituras e polícia, para que as mulheres consigam ocupar, aos poucos, espaços na estrutura dos governos. ;Não significa necessariamente que concordemos com eles, mas esse espaço é necessário para que as mulheres possam falar, decidir e propor. Somos criativas e devemos buscar caminhos para trabalhar junto com os governos e combater a corrupção, e não apenas confrontá-los ;, disse.
A Conferência Internacional Anticorrupção é considerada o mais importante evento sobre o tema. Reúne chefes de Estado, representantes de governos e da sociedade civil. O debate ocorre em um país diferente a cada dois anos e conta com a participação de 1,5 mil representantes de mais de 130 países, em média, e é promovido pela organização não governamental (ONG) Transparência Internacional.