Brasil

Desmatamento na Amazônia brasileira atinge menor nível histórico

Agência France-Presse
postado em 27/11/2012 17:40
Brasília - O Brasil alcançou a menor taxa histórica de desmatamento na Amazônia no último ano, com redução de 27% em relação ao ano anterior, informou o governo nesta terça-feira (27/11).



A superfície desmatada foi de 4.656 quilômetros quadrados, quase duas vezes o tamanho de Luxemburgo. "É a menor taxa histórica desde que o Brasil iniciou a medição" do desmatamento amazônico em 1988, anunciou a ministra de Meio Ambiente, Izabella Teixeira, ao divulgar os resultados.

A medição de selva destruída corresponde ao período de agosto de 2011 a julho de 2012 e foi a quarta redução anual consecutiva desde 2009. No ano passado, o desmatamento acabou com 6.418 quilômetros quadrados de selva amazônica.

"Acho que é a única boa notícia ambiental no mundo", comemorou Teixeira, afirmando que o governo não vai esmorecer em seu empenho em ampliar a fiscalização do corte ilegal e anunciou um sofisticado sistema eletrônico para cobrar multas daqueles que desmatarem a Amazônia. Este sistema permite que o infrator seja informado no local da penalização e que a informação chegue à base de dados nacional.

O Brasil, um dos maiores responsáveis pelas mudanças climáticas devido à destruição de suas florestas que libera grandes quantidades de CO2 que deixam de ser retidas pela vegetação, havia alcançado um pico histórico de desmatamento no período 2003-2004 de 27.772 km2.

Os ambientalistas comemoraram os números, em um ano em que o país deu luz verde a uma polêmica reforma do Código Florestal, que muitos consideraram uma ameaça à preservação do meio ambiente em favor da enorme agroindústria do país.

A reforma foi impulsionada pelo poderoso lobby agropecuário no Congresso e fez temer por uma nova onda de desmatamento.

"O resultado do desmatamento do último ano é um bom indício de que o governo está no caminho certo para acabar com o desmatamento, o grande desafio era diminuir este limite de mais de 6.000 km2 destruídos ao ano, sobretudo porque hoje os métodos dos desmatadores são muito mais sofisticados do que antigamente e exigem mais fiscalização", disse o encarregado do Instituto de Pesquisas Amazônicas (IPAM), Paulo Moutinho.

Mas também advertiu que o governo "não pode baixar a guarda porque ainda há ameaças que podem voltar a impulsionar o desmatamento, como as grandes obras de infraestrutura (hidroelétricas e estradas) na Amazônia. A aplicação da nova lei de florestas tem que ser muito cuidadosa e incentivar uma agropecuária mais produtiva que não pressione a floresta".

Um grupo de ONGs no Brasil está empenhado em levar ao Congresso uma lei de iniciativa popular que proíba a destruição da selva e comprometa o país com um desmatamento zero, e para a qual já contam com 600.000 das 1,5 milhão de assinaturas necessárias, explicou o coordenador da campanha Amazônia do Greenpeace, Mario Astrini.

"O resultado do desmatamento do último ano mostra que é possível acabar com o desmatamento na Amazônia brasileira, inclusive com um recorde de produção agrícola como o que o país alcançou este ano, mas só comemoraremos quando o desmatamento tiver terminado e o governo o tiver sob controle", disse Astrini.

Na Cúpula do Clima das Nações Unidas em 2009, em Copenhague, o Brasil se comprometeu a reduzir o desmatamento na Amazônia em 80% até 2020. O Brasil anunciou que até a data já conseguiu reduzir a destruição florestal em 76,27%. "Estamos a apenas quatro pontos do nosso objetivo para 2020", explicou a ministra.

O Brasil tem 5 milhões de quilômetros quadrados de florestas e bosques, que representam 60% de seu território e 80% da Amazônia continuam preservados, segundo dados oficiais.

O desmatamento no Brasil é calculado com base em imagens de satélite. O dado anual é anunciado no fim do ano, com margem de erro de 10%, informou o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe), encarregado dos estudos.

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