Brasil

Rio de Janeiro quer reestruturar cadeia produtiva do maracujá

postado em 28/11/2012 20:42
O preço do maracujá está em alta na capital fluminense. A cotação de hoje (28) da Central de Abastecimento do Rio de Janeiro (Ceasa) é R$ 45 a caixa com 10 quilos. De acordo com o pesquisador Sérgio Censi, da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) Agroindústria de Alimentos, no Rio, o motivo é a baixa oferta ante a grande procura pela fruta.

Para reverter a situação, a unidade de pesquisa convoca toda a cadeia produtiva da fruta para o Dia de Campo do Projeto Arranjo Produtivo Local (APL) Maracujá. O evento ocorre amanhã (29), no Auditório do Instituto Federal do Rio de Janeiro (IFRJ), em Bom Jesus de Itabapoana, no norte fluminense.

De acordo com Censi, que também é líder do projeto, o trabalho começou em 2007 com o objetivo de recuperar a produção da fruta no estado. ;A ideia é fornecer ao agricultor, ao produtor, tecnologias para que ele possa ampliar a produção, agregar valor e gerar renda na cadeia produtiva, ou seja, retomar a produção no estado do Rio de Janeiro, tendo em vista que o estado já foi um grande produtor e hoje produz pouco maracujá;.


O pesquisador declarou que a área plantada de maracujá no estado caiu de 2,5 mil hectares em 2004 para 300 hectares em 2007, devido a problemas de organização da cadeia produtiva e também de doenças que incidiram sobre a cultura, matando as plantas. ;Houve um surto, mas não foi um problema apenas no Rio de Janeiro, é um problema no Brasil, no mundo, de quem produz maracujá. Só que outros estados conseguiram gerenciar o problema, controlar a praga e manter a viabilidade econômica da produção do maracujá;.

A ideia agora, segundo ele, é restabelecer a produção de forma sustentável, usando tecnologia. ;De 2007 para cá nós geramos várias soluções tecnológicas a fim de fazer frente ao problema. Na questão da morte de plantas e problemas fitossanitários, a Embrapa gerou novas variedades, novas cultivares resistentes a essas doenças, mais adaptadas, que conseguem produzir mais, por mais tempo;, disse.

Outra frente de trabalho da Embrapa Agroindústria de Alimentos, de acordo com Censi, é aproveitar o resíduo da fruta. ;Ao mesmo tempo nós desenvolvemos aqui no estado do Rio de Janeiro um trabalho inédito de aproveitamento dos resíduos da indústria do suco de maracujá, tendo em vista que 70% da fruta são resíduos e apenas 30% polpa;.

Segundo ele, sementes e cascas geram produtos de alto valor agregado. Da casca, que tem alto valor nutricional e funcional, pode ser feita uma farinha purificada usada para o controle de glicemia em diabéticos e do colesterol, além da utilização pela indústria de sucos e doces. Da semente, é extraído o óleo usado na indústria de cosméticos e como fitoterápico, devido à propriedade cicatrizante.

O pesquisador explicou ainda que o Rio de Janeiro é o segundo maior consumidor de maracujá do país e precisa importa de outros estados 90% da fruta usada in natura. Além disso, o parque industrial de sucos e polpas demanda 50 mil tonelada de maracujá por ano, ao passo que a produção do estado não chega a 6 mil toneladas. A maioria do maracujá consumido no Rio de Janeiro vem de São Paulo, Minas Gerais, do Espírito Santo e da Bahia.

Censi destacou também que o Brasil é o maior produtor e exportador mundial de maracujá, mas como a demanda interna está aquecida, a exportação acaba ficando em segundo plano. Portanto, é necessário reestruturar toda a cadeia produtiva para suprir o mercado em expansão.

O Dia do Maracujá, comemorado amanhã, é o primeiro evento do projeto APL Maracujá, que se encerra em 2014, em parceria com universidades, a Emater e as prefeituras. Serão apresentadas as tecnologias desenvolvidas pela Embrapa, as novas cultivares e demonstradas as boas práticas agrícolas no campo, além do aproveitamento do resíduo da indústria. O evento é aberto e não requer inscrição prévia. A programação está disponível no site http://www.ctaa.embrapa.br/download/convite_apl_maracuja.jpg

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