Brasil

Só este ano, quase 300 homossexuais foram assassinados de forma violenta

postado em 02/12/2012 08:00

Renata Gonçalves sofre com a violência desde que assumiu a homossexualidade, aos 16 anosAs imagens da época de escola, quando sofria violências físicas e psicológicas dos colegas, restam na lembrança de Renata Gonçalves, 28 anos, até hoje. Nascida em Amarantes, pequeno município do Maranhão, a travesti sentiu desde cedo a angústia de não pertencer por completo ao gênero que a definia como homem. Com 16 anos, passou a tomar hormônios femininos e iniciou um processo de transformação radical na aparência. ;Me lembro até hoje de ser presa no banheiro da escola pelos meninos, que me xingavam. Às vezes, eles me furavam com lápis e outros objetos;, relata. A sensação de não pertencimento era tanta que ela largou os estudos na 7; série do ensino fundamental. Como se não bastasse desistir da escola, foi expulsa de casa pelos parentes, que não a aceitavam como ela queria ser.

Renata foi para Anápolis (GO) aos 17 anos ganhar a vida como prostituta, por absoluta falta de opções. Há mais de uma década vive no Distrito Federal, onde trabalha como profissional do sexo. Sem usar nenhum tipo de droga e tentando viver longe da criminalidade, Renata não se livrou, na capital do país, da sina de discriminação. ;Quando eu estou nas ruas fazendo programa, fujo sempre quando passa um carro com ;boys;. Já jogaram cacos de vidros em mim e, uma vez, eu apanhei muito de um homem que estava com um taco de beisebol.; Em 2008, viu o quão longe a violência pode ir, quando uma colega travesti foi assassinada. ;Era carnaval, tinha muita gente de fora na cidade. Pegaram ela em uma esquina e a espancaram;, conta.

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