Brasil

Recusa de famílias à doação de órgãos sólidos chega a 45% no Brasil

Hoje, o maior empecílio para ampliar a quantidade de transplantes no Brasil é a resistência dos parentes em autorizar a cirurgia

postado em 04/12/2012 07:03
Há três meses, a rotina de Dinaira Miranda da Cruz, 21 anos, e Claudivan Francisco dos Santos, 28, se resume à espera, na unidade de terapia intensiva (UTI) do Instituto de Cardiologia do Distrito Federal (ICDF), onde o filho único do casal está internado. A criança, de apenas 1 ano e cinco meses, está na fila de espera por um coração.

Claudivan dos Santos e Dinaira da Cruz esperam, há três meses, por um coração para o único filho, que tem apenas 1 anos e cinco meses
Dinaira conta que, quando o bebê completou 1 ano, ela e o companheiro repararam que ele ficava mais cansado durante as brincadeiras. No início, a criança fez um tratamento para bronquite, mas, como não melhorou, foi pedido um raio X. ;O exame mostrou que o coração dele estava duas vezes maior do que o normal;, explica a mãe. A criança foi diagnosticada com miocardite viral e entrou na fila de transplantes. Ela chegou a receber a notificação de um possível doador, porém, a família decidiu não autorizar a retirada do órgão. ;Isso abalou ainda mais a gente. No momento de desespero, a mãe não aceitou;, lamenta Dinaira.

Dono de um dos maiores sistemas públicos de transplante de órgãos do mundo, o Brasil ainda tem o desafio de aumentar o envolvimento das famílias dos potenciais doadores. Segundo dados da Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO), de 2.617 entrevistas feitas com parentes entre janeiro e setembro deste ano, 1.178 não autorizaram a doação. Isso significa que 45% das famílias entrevistadas para transplantes de órgãos sólidos (não inclui tecidos) recusaram a doação. Essa é a maior causa para a não concretização do procedimento.



Hoje, o maior empecílio para ampliar a quantidade de transplantes no Brasil é a resistência dos parentes em autorizar a cirurgia

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