postado em 13/12/2012 19:36
A Justiça Militar foi implacável ao julgar dois policiais militares acusados de estuprar uma jovem grávida e agredir o namorado dela e dois amigos numa madrugada de maio deste ano em Contagem, na Grande Belo Horizonte. O cabo Alex Sandro Bonuti, de 41 anos, foi condenado a 6 anos, 11 meses e 7 dias de reclusão, enquanto o soldado Wagner Gonçalves dos Santos Júnior, de 26 anos, teve a pena estabelecida em 4 anos, 3 meses e 18 dias. A sentença foi dada pelo juiz titular da 1; Auditoria Marcelo Adriano Menacho dos Anjos, que negou recurso da defesa dos militares para que eles recorressem da decisão em liberdade.Os dois policiais militares são lotados no 39; Batalhão da Polícia Militar, em Contagem, na Região Metropolitana de Belo Horizonte . Durante a fase processual eles foram presos preventivamente por duas vezes, mas conseguiram reverter a situação e aguardar o julgamento em liberdade. No entanto, ao analisar o pedido da defesa dos dois acusados, o juiz negou a eles o direito de recorrer da sentença em liberdade.
Para o magistrado, a liberdade dos dois policiais deixa as vítimas do crime em risco. ;É correto afirmar que, se ao longo da instrução do feito havia risco ou propriamente um perigo fundado à segurança das vítimas e testemunhas, este risco ou perigo aumenta consideravelmente com a condenação;, argumentou o magistrado ao negar a liberdade dos militares enquanto lhes é permitido recorrer da sentença.
O julgamento do caso ocorreu nessa quarta-feira e a sentença será proferida pelo juiz nesta sexta-feira, em audiência de leitura marcada para as 14h30. O cabo Alex Sandro Bonuti foi condenado por ter estuprado uma jovem de 18 anos, que estava com dois meses de gestação, e o soldado Wagner Gonçalves dos Santos Júnior por ter acobertado o crime praticado pelo companheiro de trabalho. Além disso, ambos terão de cumpri pena por constrangimento ilegal e por terem ameaçado as vítimas, caso os denunciasse. O promotor de Justiça Carlos Alberto Silveira Isoldi Filho, que ofereceu a denúncia contra os dois acusados, disse que irá recorrer da decisão, pois esperava uma condenação maior.
Relembre o caso
O crime ocorreu entre a noite de 22 de maio deste ano e a madrugada de 23. Conforme denúncia do Ministério Público, o cabo e o soldado estavam em serviço, devidamente fardados, e invadiram uma casa no Bairro Santa Cruz Industrial em busca de drogas para uso pessoal. Para conseguir os entorpecentes, eles cometeram uma série de crimes contra os ocupantes do imóvel.
A vítima de maior agressão foi uma jovem de 18 anos, grávida de dois meses, que estava acompanhada pelo namorado e amigos. O casal foi levado pelos policiais para um quarto da casa, onde foram obrigados a tirar as roupas para serem revistados. Depois de ser autorizada a se vestir novamente, a jovem foi para outro quarto e foi seguida pelo cabo Alex Sandro. Na presença do namorado da jovem, o cabo a estuprou mediante uma sessão de tortura que contou com choque elétrico e pauladas.
O namorado tentou impedir o estupro, mas acabou sendo espancado pelo soldado Wagner Gonçalves, que o atacou no pescoço, lhe aplicou choques elétricos e lhe deu várias pancadas com um pedaço de madeira. Os dois amigos do casal que estavam no imóvel também foram agredidos fisicamente, algemados, colocados dentro da viatura policial e ameaçados de morte. Em seguida, cada um dos dois foi abandonado pela dupla de policiais em locais distintos de Contagem.
Embora sob ameaça e severamente abalada por causa da sessão de tortura, a jovem não hesitou em denunciar os seus algozes. Ela procurou a Polícia Militar para denunciar o caso. Após identificar contradições nos depoimentos dos dois militares e constatar que eles, de fato, haviam comparecido no endereço da vítima naquela noite, a corporação garantiu que investigaria o caso com transparência.
No início das investigações, o soldado Wagner chegou a ser autuado por porte de drogas e posse de munição ilegal. Durante cumprimento de mandado de busca e apreensão na casa do militar foram apreendidas sete cápsulas calibre 40, de uso restrito das Forças Armadas, e outras três calibre 32, além de uma porção de maconha e uma pedra de crack. O policial admitiu ser usuário de drogas.
Mais PMs envolvidos em estupros
Pelo menos outros dois policiais militares são investigados por crime sexual em Belo Horizonte e Região. Preso desde março em uma cela individual no 18; Batalhão de Contagem, o sargento Alexander Lourenço da Silva foi denunciado pelo Ministério Público, com base em investigação da Corregedoria da PM, por ter estuprado pelo menos sete mulheres. O policial era integrante da orquestra da PM e entre suas vítimas estão familiares de colegas de trabalho.
Já em setembro, outro policial lotado no 39; Batalhão foi preso suspeita de estuprar uma jovem de 22 anos. O cabo Antônio Mendes Moura foi preso em flagrante depois que a vítima apresentou queixa contra ele na corregedoria da PM. Ela afirmou que ele a extorquia e abusa sexualmente.