postado em 04/01/2013 08:29
Angra dos Reis (RJ) - A decisão de dormir no quarto dos pais fez com que o menino Marcos de Souza, de apenas 7 anos, escapasse do deslizamento de terra que soterrou por completo o local onde passava todas as noites.Ainda assustado, mas ajudando o pai no trabalho de garimpar os poucos pertences que ainda poderiam ser resgatados sob os escombros, o menino contou sua visão da tragédia: ;Eu estava dormindo quando minha mãe me acordou assustada e me assustando. Eu só ouvi o estrondo, antes de sairmos correndo. Eu pensei que o mundo estava acabando;, disse timidamente.
Elaine Coelho de Souza, que além de marcos tem uma menina mais nova, disse ter considerado ;um milagre; o fato de que ela, o marido ; o carpinteiro Antônio Alves dos Santos ; e as crianças estarem vivos diante do estrago causado pela chuva.
;A sorte foi que o Marquinho estava dormindo comigo: o seu quarto [ao lado do dos pais] foi o mais atingido. Eu acordei com o estrondo e o clarão do fogo. Aí eu chamei meu marido e disse: ;acorda que o mundo está se arrasando;. Mas era esta tragédia aí. Agora a gente está pensando apenas em salvar as poucas coisas miúdas que a gente têm e que farão falta: fogão, geladeira, ferro de passar roupa. O pouco que a gente pode salvar porque o principal, inclusive a casa, já perdemos.;
[SAIBAMAIS]A avalanche de lama, pedra e mato que desceu do morro na Rua da Caixa D;água, uma das muitas vielas de barro da localidade de Santa Rita 2, no bairro do Bracuí, na periferia de Angra dos Reis, destruiu nove casas e condenou 38 ; já interditadas pela Defesa Civil.
Em todo o município, 320 pessoas estão desabrigadas e 160, desalojados. Entre os desalojados, está Cleonice Cândida dos Santos, uma das três pessoas que ficaram feridas nos desabamentos de Santa Rita. Com o marido, Josias Domingo dos Santos e a filha Joyce, de apenas 6 anos, ela morava na casa de número 211, que foi totalmente destruída em consequência de um deslizamento de terra.
;Estava na casa quando tudo veio a baixo e machuquei o pescoço e o braço. Foi tudo muito rápido. Acordei com o estrondo, mas ainda consegui retirar minha filha que estava lá dentro. O que já foi um milagre, pois tudo que eu tinha ficou soterrado e perdi minha casa;, lamentou, em meio às lágimas e incerteza do futuro.
;Agora eu estou aqui, perdida. Fui levada para o hospital para ser medicada [feriu o braço esquerdo] e quando voltei não encontrei mais ninguém. Não sei do meu marido, da minha filha, aonde vou dormir;, disse enquanto persistia a chuva que castiga a cidade desde terça-feira (1;/1) e que deverá continuar pelo menos até sábado.