Em meio ao agravamento do problema do crack que assola o país, e sobre o qual as autoridades públicas simplesmente não sabem o que fazer, uma ousada ação capitaneada pelo Governo de São Paulo começará hoje, já sob intensa polêmica. Moradores de rua com dependência química serão encaminhados a um centro de triagem para, caso verificada a necessidade, serem internados, mesmo contra a própria vontade. O tratamento involuntário ou compulsório é uma medida cercada de controvérsias porque transita entre a liberdade individual e a segurança coletiva, ao mesmo tempo em que pode disfarçar uma política de limpeza social, especialmente às vésperas de eventos internacionais importantes, como a Copa das Confederações, este ano, e a Copa do Mundo, em 2014.
Para minimizar as críticas e aumentar a eficácia da medida, o governo paulista elaborou a ação, com a ajuda do Tribunal de Justiça, do Ministério Público, da Ordem dos Advogados do Brasil e da Defensoria Pública de São Paulo. Representantes dessas instituições e profissionais de saúde ficarão no centro de triagem, que funcionará das 9h às 13h, dentro do Centro de Referência de Álcool, Tabaco e Outras Drogas (Cratod), no bairro do Bom Retiro, para receber os dependentes encaminhados. A ideia é tentar fazer o maior número de internações voluntárias, por meio do convencimento, e usar a rede ambulatorial comunitária. Mas o foco da reunião de tantos profissionais será viabilizar, de forma rápida e sem brechas para questionamentos, as internações involuntárias e compulsórias.