postado em 30/01/2013 06:08
Um minuto depois do registro ;Fogo em boate. Ocorrência de vulto;, às 3h19 de domingo, a equipe do Corpo de Bombeiros de Santa Maria deixou a base e seguiu para a Rua dos Andradas. O grupo inicial de não mais que 10 homens encontrou um verdadeiro cenário de guerra. Diante de corpos empilhados, gente morrendo e muita fumaça, os combatentes chegaram a ignorar protocolos universais, como o isolamento da área, adotando procedimentos questionáveis do ponto de vista técnico. Sobreviventes acabaram morrendo depois de retornarem à casa noturna para ajudar no trabalho de resgate. O saldo de 234 mortos e 75 feridos em estado crítico, porém, poderia ser bem pior. A cidade gaúcha palco do mais trágico incêndio do país nos últimos 50 anos faz parte dos 14% de municípios que contam com Corpo de Bombeiros. No restante do Brasil, a espera por socorro é muito maior. Enquanto a Organização das Nações Unidas (ONU) recomenda no mínimo um bombeiro para cada mil habitantes, aqui a proporção é de 2.757 pessoas por profissional.
O país precisaria, para cumprir a recomendação das Nações Unidas, aumentar em 175% o contigente total de bombeiros, hoje de cerca de 70 mil no total. Para Luciana Alves, pesquisadora do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) de São Paulo, a necessidade é ainda maior. ;O parâmetro utilizado pela ONU é bem questionável porque se trata do mínimo necessário. O Brasil está muito atrás;, afirmou. Integrante do projeto Brasil sem Chamas, que mapeou os problemas relacionados a riscos de incêndios no país, Luciana ressalta que o índice pode subir bastante dependendo das características do local, do clima, tipo de edificação, entre outros aspectos. Ela afirma, entretanto, que um dos achados conclusivos da pesquisa, financiada pelo Ministério da Ciência e Tecnologia, é de que a situação no país está crítica. ;Imagine só termos pouco mais de 10% dos municípios com Corpo de Bombeiros. Isso é um absurdo, que dificulta inclusive chegarmos ao panorama real de ocorrências de incêndios no país;, disse Luciana.