Helena Mader
postado em 30/01/2013 06:09
A cada grande tragédia nacional, como a que matou 234 jovens em uma boate de Santa Maria, dois comportamentos distintos se repetem de forma previsível. O primeiro deles é a sincera comoção dos brasileiros, que se mobilizam em uma corrente de solidariedade e de apoio às vítimas. O segundo hábito trivial protagonizado diante das tragédias de grande proporção é o chamado jogo de empurra. Para fugir das responsabilidades, empresários, autoridades e pessoas envolvidas em cada uma dessas catástrofes correm para se eximir da culpa e, nessa missão, repassam os encargos sobre terceiros. No drama da boate Kiss, esse costume se repete. Assim que a fumaça baixou e o país percebeu a dimensão e a gravidade do incêndio fatal na casa noturna gaúcha, todos os envolvidos no caso tentaram se isentar da culpa. A polícia e, posteriormente, a Justiça terão que apontar a participação de cada um nessa cadeia de responsabilidades.
No Rio Grande do Sul, o governo estadual aponta o dedo para a prefeitura, que repassa para o Corpo de Bombeiros. O órgão de prevenção e combate a incêndios culpa os integrantes da banda que soltaram fogos de artifício e também os donos da boate, mas se isenta de responsabilidade. ;Não é competência dos bombeiros trocar o forro. Não sei de quem é a competência;, o subcomandante do 4; Comando Regional do Corpo de Bombeiros, major Gérson da Rosa Pereira, que à tarde informou que não poderia mais dar entrevistas.