Helena Mader
postado em 02/02/2013 06:22
Enquanto assistia pela televisão ao drama do incêndio na boate Kiss, o médico Mário Fratini se lembrou do atendimento mais difícil que já realizou em sua carreira. Coordenador da Ala de Queimados do Hospital Regional da Asa Norte (Hran), que é referência no Distrito Federal, ele integrava a equipe em 1989, quando 60 feridos de uma explosão chegaram de uma vez à unidade de saúde. Ao ver o drama das vítimas do incêndio de Santa Maria e das equipes que se dividem para tentar salvar esses jovens, Fratini relembrou o caos que se instalou no hospital por causa do acidente. ;Essas grandes tragédias têm um impacto muito grande nos centros de atendimento especializado. Mas temos demanda o ano inteiro e recebemos sempre pacientes graves, muito difíceis de tratar;, explica o coordenador da unidade.
No ano passado, a rede pública do Distrito Federal internou cerca de 300 pacientes que foram vítimas de fumaça ou incêndios. A maioria recebeu atendimento no Hospital da Asa Norte. A unidade de queimados tem 16 leitos, além de dois para assistência respiratória. A estrutura tem muita demanda, mas consegue suprir as necessidades. ;O problema é quando há grandes catástrofes, como a de Santa Maria. O sistema não está preparado para isso. No Hran, depois da tragédia de 1989, fizemos um protocolo de atendimento, com diretrizes gerais;, explica Fratini. O drama a que ele se refere é um acidente registrado há 23 anos, na região do Setor de Indústrias e Abastecimento. Um caminhão que vinha de Correntina, na Bahia, com cerca de 90 pessoas escondidas na carroceria, colidiu contra um veículo que transportava combustível. Os feridos em estado grave, muitos da mesma família, foram para o Hran, onde ficaram hospitalizados por meses.