São Paulo - Moradores da Rua Salim Izar, no bairro Morumbi, passaram a manhã desta sexta-feira (15/2) contabilizando os prejuízos em decorrências das chuvas que atingiram na última quinta-feira (14/2) a capital paulista. "Geladeira, sofá e máquina de lavar eu não sei se vão funcionar ainda", contou a vendedora Fabiana Cardoso, 27 anos, que mora há dez anos na mesma casa. Localizada ao lado de um córrego, a chuva fez com que a água subisse pelo menos 1 metro na rua. "Do tempo que moro aqui isso nunca tinha acontecido antes", completou.
Tapetes estendidos nos muros, sacolas de lixo com o que não pôde ser recuperado e mangueiras de água para retirar a lama que entrou nas casas compunham o cenário encontrado no fim da manhã desta sexta-feira (15/2) na rua. O comerciante José Nunes Paim, de 72 anos, contabiliza pelo menos R$ 1,5 mil de prejuízo com a lavagem de tapetes e sofás. "Já mandei lavar. A gente tem medo de pegar alguma doença com essa água suja que entrou em casa."
José Nunes Paim contou que desde as 18h de ontem retira lama da casa. "E ainda tem terra para ser tirada. Foi só por cima", descreveu. Ele mora há 23 anos à beira do córrego e diz que nunca ocorreu algo parecido na rua. "[A água] nunca passou do portão. Desta vez, entrou com tudo. Acho que tem a ver com a terra que desceu do barranco nos últimos tempos", avaliou.
Com previsão de mais chuva para o fim da tarde desta sexta-feira, Fabiana ainda mantém móveis e eletrodomésticos suspensos dentro de casa. "A água subiu muito rápido ontem. A chuva durou pouco tempo, mas foi suficiente para fazer esse estrago", declarou. A comerciante Míriam Figueiredo, 46 anos, também está apreensiva com a provável chuva. "As árvores [à beira do córrego] estão com raízes expostas. Isso é um risco também, porque pode cair nas casas", alertou.
Com a chuva da última quinta-feira (14/2), pelo menos 14 árvores tombaram, interditando vias. Foi o caso da Rua Três Irmãos, também na região do Morumbi, que ficou totalmente interditada desde a noite de ontem. Às 10h de hoje, o dentista Edivaldo Cremonimi, 57 anos, acompanhava a retirada da árvore, cujos galhos atingiram o carro dele que estava estacionado na rua. "Parei aqui para aguardar passar a chuva e vi meu carro ser atingido. Nem sei estimar o prejuízo", relatou.
Ele, que mora na região, voltava da sede social do São Paulo Futebol Clube, por volta das 17h, quando foi surpreendido pela chuva. "Fui pagar a mensalidade", disse. O dentista será uma das 4 mil pessoas, que frequentam diariamente a área social do clube, que estarão impedidas de usar as instalações pelos próximos dez dias. O local também sofreu consequências da enxurrada.
Um espaço de cerca de 150 mil metros quadrados ficou inundado. De acordo com o vice-presidente da Área Social do clube, Roberto Natel, foram destruídos setores como a sala nova de fisioterapia, a cozinha e as piscinas. %u201CPretendemos concluir [a limpeza] antes, mas [dez dias] é o período máximo que precisamos para deixar tudo limpo, com segurança, sem riscos de doenças para as pessoas que frequentam a área social%u201D, justificou.
A parte do estádio não foi afetada, e o jogo previsto para sábado (16/2) à noite no Morumbi não sofrerá alterações, segundo Natel.