Luiz Ribeiro/Estado de Minas - Enviado especial, Mateus Parreiras/Estado de Minas
postado em 17/02/2013 07:00
Belo Horizonte ; Os primeiros europeus a se impressionar com o rio que de tão vasto tingia o Oceano Atlântico com suas águas turvas chegaram com a tripulação do explorador florentino Américo Vespúcio. Um ano depois de o Brasil ser descoberto, o navegador destacou isso em carta ao rei de Portugal, referindo-se ao que os índios chamavam ;Opará;, ou Rio-Mar. Era 4 de outubro de 1501, dia de São Francisco de Assis, e o navegador batizou o curso com o nome do padroeiro dos animais e da ecologia. Fundamental na conquista do sertão, ainda hoje o Velho Chico sustenta nas suas barrancas pescadores e fazendeiros, abastece cidades e indústrias e chega a ser considerado solução para tentar matar a sede do Nordeste, por meio de uma transposição que ainda não saiu do papel. Porém, passados mais de cinco séculos de exploração, a fartura se voltou contra o maior curso d;água que corre integralmente em território brasileiro.
Vítima da expansão econômica desordenada, o leito que ajudou a integrar o país está mais envenenado do que nunca. Em Minas Gerais, onde nasce e recebe mais água, é sufocado por índices cada vez piores de lançamento de esgoto, resíduos da atividade agropecuária, efluentes industriais e rejeitos de mineração. Sofre também com o descaso de cidadãos que optam por ligações clandestinas de esgoto, e de autoridades, refletido em estações de tratamento de efluentes que jamais funcionaram.