postado em 05/03/2013 21:11
Parentes das vítimas do acidente com o voo 1907, da empresa aérea Gol, pedem que o governo brasileiro cobre das autoridades dos Estados Unidos uma punição administrativa para os pilotos norte-americanos Joseph Lepore e Jan Paul Paladino. Os dois são, respectivamente, piloto e copiloto do jato executivo que, em 29 de setembro de 2006, se chocou com o Boeing 737-800, usado pela Gol, na rota Manaus (AM) - Brasília (DF).O objetivo da Associação de Familiares e Amigos das Vítimas do Voo 1907 é impedir que Lepore e Paladino continuem voando enquanto o processo criminal que os dois respondem no Brasil não for encerrado. Segundo a entidade, Paladino hoje trabalha na companhia American Airlines, enquanto Lepore segue trabalhando na ExcelAire, empresa de táxi aéreo a que pertencia o jato Legacy que se chocou contra o Boeing da Gol.
Segundo a diretora da associação, Rosane Gutjhar, o fato de os dois norte-americanos continuarem pilotando aviões após o Tribunal Regional Federal da 1; Região tê-los condenado a três anos, um mês e dez dias em regime aberto é um desrespeito a acordos assinados pelos Estados Unidos, como, por exemplo, a Convenção Sobre Aviação Civil Internacional, também conhecida como Convenção de Chicago, estabelecida pela Organização de Aviação Civil Internacional (Oaci).
;De que adianta haver acordos se os Estados Unidos não os cumpre por se sentirem superiores? Precisamos que o Itamaraty cobre dos Estados Unidos o respeito aos acordos, cobrando medidas práticas;, declarou Rosane à Agência Brasil, logo após se reunir com a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, da Presidência da República, Maria do Rosário, a quem foi pedir o apoio político à luta da associação.
Com base no relatório final do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), que apontou que os pilotos norte-americanos estavam com o transponder (equipamento que informa aos controladores de voo a posição exata da aeronave) desligado no instante do acidente e também considerando as sanções administrativas já impostas pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) a Lepore e Paladino, a associação cobra que ao menos os brevês (licenças para voar) dos dois sejam cancelados. Mas segundo Rosane, as autoridades aeronáuticas norte-americanas e nem as empresas aéreas contratantes de Lepore e de Paladino responderam aos últimos ofícios e pedidos de providências da associação.
Em 2010, a Agência Brasil acompanhou a tentativa de representantes da associação de entregar aos responsáveis pelo escritório da American Airlines em São Paulo um estojo contendo duas réplicas das caixas-pretas dos dois aviões envolvidos no acidente. Cada réplica continha um pen drive com o áudio das conversas gravadas nas cabines do Boeing e do Legacy que, segundo a associação, comprovariam os erros e as falhas de Lepore e de Paladino, além dos momentos de agonia vividos pelos pilotos do voo da Gol. A presidenta da entidade, Angelita de Marchi, sua cunhada, Luciana Siqueira, e o advogado da entidade, Dante D;Aquino, não foram recebidos e tiveram que deixar o estojo na portaria do edifício, com um segurança.
;Então eles vêm ao Brasil, matam 154 pessoas por imperícia e negligência, voltam para os Estados Unidos, dizem que nosso país é terra de índio, continuam a pilotar e o governo brasileiro vai deixar por isso mesmo?;, questiona Rosane.