Brasil

Emílio Santiago, de 66 anos, morre em hospital da Zona Sul do Rio

A morte foi causada por complicações de um acidente vascular cerebral (AVC), sofrido no último dia 7

Diário de Pernambuco
postado em 20/03/2013 07:41

A morte foi causada por complicações de um acidente vascular cerebral (AVC), sofrido no último dia 7

Morre aos 66 anos o cantor Emílio Santiago. A assessoria de imprensa do Hospital Samaritano, no Rio do Janeiro, onde estava internado, informou que a morte ocorreu por volta das 6h30 deste quarta-feira (20/3) e foi causada por complicações de um acidente vascular cerebral isquêmico (AVC), que o músico sofreu no último dia 7. Ele estava internado no Centro de Terapia Intensiva (CTI).

Dono de belo timbre, cheio de bossa e um dos mais virtuosos intérpretes da MPB, Emílio Santiago nasceu em 6 de dezembro de 1946. Apesar de ter se formado em direito, a música sempre falou mais alto em sua vida. Ele começou na chamada "escola da noite". No começo da carreira ele era crooner do conjunto de baile de Ed Lincoln, o mais requisitado do Rio de Janeiro na década de 1960.


Voz marcante da música popular brasileira, Emílio gravou sucessos como Saigon, Marina morena, Verdade chinesa, entre outros. No ano passado, o artista recebeu o Grammy Latino na categoria Melhor álbum de samba e pagode por Só danço samba ao vivo. O álbum foi o último gravado pelo cantor e o primeiro lançado em sua propriedada, a Santiago Music. Ao longo da carreira, Emílio lançou mais de 20 CDs e DVDs.


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Recife era uma das paixões do intérprete carioca. Desde 2010, ele mantinha um apartamento no bairro de Santo Amaro. Ele participou do encerramento do Carnaval do Recife, em 12 de março. No ano passado, recebeu, na Assembleia Legislativa de Pernambuco, o título de cidadão pernambucano.

[SAIBAMAIS]Em entrevista ao Diário de Pernambuco em 23 janeiro de 2013, Emílio Santiago falou sobre seus artistas preferidos, música brasileira e, ainda, um pouco sobre a vida pessoal. Confira abaixo trechos da entrevista.

O que você gosta de escutar?

Música brasileira direto, jazz, música clássica. O meu ouvido não tem preconceito. Gosto de coisas boas, mas sem preconceito, do rock ao xaxado, maracatu, samba, pagode. Sou igual ao Recife, sou multicultural. (risos)

Tem algum artista predileto?
Tenho meus cantores queridos, Gal, Bethânia. Os meus contemporâneos fizeram uma história muito boa dentro da música brasileira, em relação a músicas benfeitas, bem construídas. Músicas que ficaram eternizadas.

E da safra nova? O pessoal de agora está fazendo história?

Ah, sim, claro. Tem muita gente boa; Indo para as mulheres, tem Adriana Calcanhotto, que eu gosto muito, Marisa Monte, tem uma cantora de São Paulo maravilhosa, chamada Mônica Salmaso. A música pernambucana é muito interessante. Eu acho que tem que haver uma coisa de união entre as pessoas, músicos, cantores, para que se tornasse mais conhecida no mundo. Tem Alceu Valença, Lenine, teve Chico Science, que deram um impulso muito grande. Algo como os baianos fazem com sua música. O pernambucano pode fazer também, tornar a música pernambucana uma coisa mundial.

Você é daqueles que se apaixonam loucamente?
Não; Eu acho que essa coisa de relação, evidentemente que você não está imune. Volta e meia o coração apronta com a gente. Mas, nesse aspecto, estou muito tranquilo. Não tenho nada para reclamar.

Musicalmente, você é bem romântico;
Engraçado, né? Eu sou bem relax, também. As pessoas adoram meu repertório romântico. Mas isso faz parte também. Isso faz parte da minha história musical. Eu vim de uma geração em que o romantismo estava acima de tudo.


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Não é mais?
Não. E as pessoas continuam ouvindo as mesmas canções que eu cresci ouvindo, até hoje. O romantismo existe e não vai acabar nunca. Existem várias interpretações sobre o tema, mas o amor é fundamental na vida de qualquer pessoa. Sem ele, é impossível viver, conviver, dividir, entender.

O que você cresceu ouvindo?
Eram todos românticos. Dalva de Oliveira, Ângela Maria, Cauby Peixoto, Nelson Gonçalves, Anísio Silva. O repertório era totalmente romântico. Alguns, cheguei a conviver. Outros, convivo até hoje.

É a vantagem de ser cantor, né?
Pois é. De fça, passei a ser amigo de vários Outro dia, estava conversando com o Cauby Peixoto, e falei ;Cauby, você imagina, eu, garotinho, escutava você;. Eu ouvi Luiz Gonzaga na Rádio Nacional. Isso é história.

O Grammy que você ganhou é de samba e pagode. Existe diferença entre os dois?
Não sei responder. (risos) Será que o pagode seria uma vertente do samba, alguma coisa assim? Quem é que faz samba? Martinho da Vila, Paulinho da Viola, Cartola, Nelson Sargento, é isso? Pagode é o quê? Quem é que faz? Xande, do Revelação, Jorge Aragão, Almir Guineto? Essas coisas às vezes atrapalham em vez de ajudar; Essa coisa de separar muito, dividir demais não ajuda muito. Acho que é tudo samba. Na política, tudo acaba em pizza. Na música, tudo acaba em samba.

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