postado em 18/04/2013 13:28
Rio de Janeiro ; O navio de pesquisa antártico Almirante Maximiano retornou nesta quinta-feira (18/4) à capital fluminense encerrando sua participação na trigésima primeira Operação Antártica (Operantar) brasileira. O navio ficou mais de seis meses no mar e substituiu a Estação Antártica Comandante Ferraz, destruída por um incêndio em fevereiro de 2012, como principal base dos pesquisadores brasileiros neste verão.Segundo a Marinha, 105 pesquisadores se revezaram nesse período, usando os cinco laboratórios do navio e utilizando-o como meio de locomoção pelas diversas ilhas da Antártica. Especialista no estudo de aves, a pesquisadora Maria Virgínia Petry, que participa de missões antárticas desde 1984, disse que algumas pesquisas foram prejudicadas com a falta de uma base em terra.
Esse, entretanto, não foi o caso do projeto da pesquisadora, que utiliza os refúgios brasileiros existentes em ilhas como a Elefante. ;Muitas pesquisas que eram desenvolvidas na base não puderam ser desenvolvidas este ano. No nosso caso, a estação servia de apoio para irmos aos pontos de reprodução das aves. A gente teve esse apoio com o navio e cumprimos 120% do que estava previsto para este ano;, disse a cientista.
De acordo com o comandante Newton Pinto Homem, o navio pôde usar integralmente seu potencial porque substituiu, em parte, a estação Comandante Ferraz. ;Neste ano, teve muito mais atividades a bordo. Os cinco laboratórios ficavam sempre lotados, com muita gente trabalhando. Como comandante de um navio de pesquisa, me dá muita satisfação ver o navio sendo usado a 100% pelos pesquisadores;, disse.
O militar, que participou de sua segunda missão como comandante do navio de pesquisa, conta que a embarcação também foi usada para levar cientistas aos abrigos espalhados pelas ilhas. E foi justamente em uma dessas movimentações, próximo à Ilha Elefante, que o navio passou por seu momento mais difícil na missão deste verão.
;A quantidade de gelo estava muito grande. E, durante um procedimento de pesquisa, me vi cercado por um campo de gelo. Foram 18 horas direto de navegação em meio a um campo de gelo denso por 70 milhas. Eu naveguei a 4 quilômetros por hora. A pé eu teria ido mais rápido. Foi uma situação difícil que exigiu bastante do navio;, disse.
Segundo o comandante, em uma situação extrema, mesmo com a capacidade de quebrar gelo, o navio poderia ter ficado preso por algum tempo. ;Mas como era no meio do verão, mesmo que o gelo me prendesse, me prenderia por pouco tempo. A preocupação era dar uma pancada mais forte no gelo para não ferir a chapa do navio;, disse.
Para alguns dos 81 tripulantes, no entanto, navegar em meio ao gelo nem foi o maior desafio. Nos meses que passou longe da família, o militar Eduardo Canejo perdeu, por exemplo, o nascimento de seus bebês gêmeos, que nasceram 11 dias depois de o navio zarpar do Rio de Janeiro.
O retorno à cidade não foi apenas um reencontro, mas o momento em que segurou seus filhos, já com seis meses de idade, pela primeira vez. ;São meus primeiros filhos. Logo dois. Não pude conter a emoção nesse momento. Fiquei muito nervoso. Mas estou feliz que eles estão com saúde e a família está toda bem;, disse.
A próxima Operantar será realizada no final deste ano. Desta vez, os pesquisadores já poderão contar com os módulos emergenciais implantados na área onde ficava a antiga Estação Comandante Ferraz. Os módulos abrigarão os cientistas até que uma nova estação seja reconstruída.