Brasil

Defensor extrapola em série de provocações e é punido no julgamento de Bola

O promotor Henry Vasconcelos chegou a ameaçar deixar o salão do júri diante de perguntas que foram consideradas pelo Ministério Público ataques pessoais ao depoente

Landercy Hemerson, Paula Sarapu
postado em 26/04/2013 09:02
Os advogados de defesa Fernando Magalhães e Ercio Quaresma, durante o julgamento do ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos conhecido como o bola (c), acusado de estrangular e esquartejar a ex-amante do goleiro Bruno Fernandes, Eliza Samúdio, no Tribunal do Júri do Fórum de Contagem
Belo Horizonte
- No quarto dia do julgamento do ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, acusado de matar Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Fernandes, a defesa não conseguiu avançar na pretensão de desqualificar as investigações policiais e sofreu um revés, ao ter cassada a palavra do advogado Ércio Quaresma. A decisão da juíza Marixa Fabiane de fazer calar o principal defensor do réu ocorreu após uma sucessão de provocações ao delegado licenciado Edson Moreira, atualmente vereador em BH, testemunha que prestava depoimento desde a quarta-feira (24/4). O promotor Henry Vasconcelos chegou a ameaçar deixar o salão do júri diante de perguntas que foram consideradas pelo Ministério Público ataques pessoais ao depoente. Antes disso, advogado e promotor chegaram a trocar agressões verbais.

Apesar de também ameaçar abandonar o julgamento após a decisão da magistrada, a defesa continuou a inquirir o policial por iniciativa do advogado Fernando Magalhães, que, bem mais moderado, não acuou o já tenso delegado. Magalhães, porém, não conseguiu expor por meio do interrogatório o que os defensores anunciavam como um de seus principais trunfos: uma suposta manipulação dos relatórios de cruzamento de ligações telefônicas de acusados, entre eles Bola.



[SAIBAMAIS]"Não consigo entender de onde a defesa vai partir para apontar vícios naquele levantamento", disse Henry Vasconcelos ao falar sobre o argumento de fraude. O promotor, depois da sessão, admitiu que a defesa havia avançado no primeiro dia do interrogatório do delegado Moreira, mas considerou que ontem houve retrocesso. "O MP neutralizou a defesa nas indagações à testemunha e também pelo desequilíbrio de um dos defensores", ironizou.

O advogado Fernando Magalhães, que na sessão do júri requisitou novas diligências na casa de Bola, admite que a negativa da juíza Marixa Fabiane pode prejudicar seu cliente. "Nos autos, o então adolescente afirma que o ambiente estava escuro. Feche os olhos por cinco segundos num local escuro e ao abrir veja se é possível enxergar", desafiou o advogado. "Como Jorge pode ter visto Eliza espumando pela boca no escuro?; Fernando criticou o depoimento de ontem de Moreira: "É difícil explorar as declarações de uma autoridade que desconhece o processo". Ele alegou não ter explorado a questão da manipulação dos relatórios das ligações de celular devido à postura do depoente, que estava tenso. Mas afirmou que a questão estará presente nos debates ou em novo interrogatório.

O delegado vai permanecer à disposição da Justiça, isolado, caso precise ser reinquerido. Ontem terminou a fase de depoimentos de testemunhas e nesta sexta-feira (26/4) o júri deve ser retomado com a leitura de peças processuais.

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