postado em 02/05/2013 18:05
Motivados pelo depoimento do brigadeiro Rui Moreira Lima, de 97 anos, a Comissão Nacional da Verdade (CNV) investigará atos de perseguição da ditadura contra militares das próprias Forças Armadas e da Polícia Militar. Criada para apurar violações de direitos humanos entre 1946 e 1988, o órgão estima que 7,5 mil militares foram perseguidos e 30, mortos.
A primeira audiência pública para colher o testemunho dos militares e seus familiares ocorrerá neste sábado (4/5), no Rio. Eles serão ouvidos pela comissionada Rosa Maria Cardoso e pelo presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, Wadih Damous. Segundo ele, pelo fato de o Rio ter sido capital até 1960, tem o maior contingente de militares nessa situação.
;Nas Forças Armadas não existiram só torturadores e golpistas;, disse Damous. ;Houve aqueles que resistiram, que defenderam a ordem democrática e pagaram muito caro por isso, alguns com a vida, outros com seus empregos e carreiras;, completou. Representando a Ordem do Advogados do Brasil (OAB), ele destaca que portarias e atos secretos foram os instrumentos mais aplicados.
O depoimento do brigadeiro Moreira Lima à comissão, em outubro de 2012, deu origem à criação do grupo de trabalho (GT) para apurar as perseguições aos militares, que se estenderam também às suas famílias, segundo Rosa Cardoso. A casa do brigadeiro chegou a ser incendiada e seu filho, na época com 18 anos, foi sequestrado pelos militares.
A comissionada revela que os casos mais recorrentes são os de crianças perseguidas nas próprias escolas militares. ;Esses meninos foram penalizados dentro do ambiente escolar. Foi deslocado, sistematicamente, todo o rancor da perseguição dos pais para eles, a ponto de terem que sair dessas escolas. Lá, eram inclusive chamadas pelos nomes dos pais;, revelou.
Segundo Paulo Cunha, consultor do GT e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), casos de militares que se envolveram com a luta armada, como o do capitão do Exército Carlos Lamarca, são mais conhecidos pelo público. Porém, muitos outros protagonizaram ;uma luta pela legalidade, pela democracia;, tanto em alas ideológicas de esquerda quanto de direita;.
Na audiência de sábado, além do filho sequestrado do brigadeiro Rui Moreira Lima, que ainda luta para que o pai chegue ao posto mais alto da carreira, serão ouvidos Eduardo Chuay, capitão do Exército preso, torturado e reformado, além de integrantes da guerrilha de Caparaó, grupo de resistência formado majoritariamente por militares que haviam perdido seus cargos por perseguição política.
Durante o evento, a CNV agendará depoimentos a portas fechadas com militares que quiserem narrar perseguições ou fazer denúncias. No âmbito do GT, em data próxima, a expectativa é ouvir, em São Paulo, policiais militares perseguidos. Os dados serão compilados e publicados ao final do trabalho da comissão, previsto para 2014.
A primeira audiência pública para colher o testemunho dos militares e seus familiares ocorrerá neste sábado (4/5), no Rio. Eles serão ouvidos pela comissionada Rosa Maria Cardoso e pelo presidente da Comissão Estadual da Verdade do Rio de Janeiro, Wadih Damous. Segundo ele, pelo fato de o Rio ter sido capital até 1960, tem o maior contingente de militares nessa situação.
;Nas Forças Armadas não existiram só torturadores e golpistas;, disse Damous. ;Houve aqueles que resistiram, que defenderam a ordem democrática e pagaram muito caro por isso, alguns com a vida, outros com seus empregos e carreiras;, completou. Representando a Ordem do Advogados do Brasil (OAB), ele destaca que portarias e atos secretos foram os instrumentos mais aplicados.
O depoimento do brigadeiro Moreira Lima à comissão, em outubro de 2012, deu origem à criação do grupo de trabalho (GT) para apurar as perseguições aos militares, que se estenderam também às suas famílias, segundo Rosa Cardoso. A casa do brigadeiro chegou a ser incendiada e seu filho, na época com 18 anos, foi sequestrado pelos militares.
A comissionada revela que os casos mais recorrentes são os de crianças perseguidas nas próprias escolas militares. ;Esses meninos foram penalizados dentro do ambiente escolar. Foi deslocado, sistematicamente, todo o rancor da perseguição dos pais para eles, a ponto de terem que sair dessas escolas. Lá, eram inclusive chamadas pelos nomes dos pais;, revelou.
Segundo Paulo Cunha, consultor do GT e professor da Universidade Estadual Paulista (Unesp), casos de militares que se envolveram com a luta armada, como o do capitão do Exército Carlos Lamarca, são mais conhecidos pelo público. Porém, muitos outros protagonizaram ;uma luta pela legalidade, pela democracia;, tanto em alas ideológicas de esquerda quanto de direita;.
Na audiência de sábado, além do filho sequestrado do brigadeiro Rui Moreira Lima, que ainda luta para que o pai chegue ao posto mais alto da carreira, serão ouvidos Eduardo Chuay, capitão do Exército preso, torturado e reformado, além de integrantes da guerrilha de Caparaó, grupo de resistência formado majoritariamente por militares que haviam perdido seus cargos por perseguição política.
Durante o evento, a CNV agendará depoimentos a portas fechadas com militares que quiserem narrar perseguições ou fazer denúncias. No âmbito do GT, em data próxima, a expectativa é ouvir, em São Paulo, policiais militares perseguidos. Os dados serão compilados e publicados ao final do trabalho da comissão, previsto para 2014.