Brasil

Consórcio rebate críticas da imprensa sobre ocupação de Belo Monte

A Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Pará divulgaram nota repudiando decisão da Justiça paraense que resultou na retirada de três jornalistas do canteiro de obras

postado em 07/05/2013 19:04
Responsável pela construção da Usina Hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, no Pará , o Consórcio Construtor Belo Monte lamentou a posição da Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj) e do Sindicato dos Jornalistas Profissionais no Estado do Pará em relação à decisão da Justiça paraense que resultou na retirada de três jornalistas do canteiro de obras ocupado por manifestantes desde a última quinta-feira (2/5).

Mais cedo, as duas entidades divulgaram nota conjunta repudiando a decisão da juíza estadual Cristina Sandoval Collyer, da Comarca de Altamira (PA). Na última sexta-feira (3/5), a magistrada acatou parcialmente o pedido de reintegração de posse do canteiro Belo Monte, ajuizado pelo consórcio. Embora não tenha determinado a retirada dos manifestantes da área (a maioria é formada por índios da etnia Munduruku e questões envolvendo povos indígenas é competência da Justiça Federal), a juíza concedeu a reintegração de posse e determinou a saída dos não índios que estivessem ocupando o local.

[SAIBAMAIS] Com a sentença, o fotógrafo da Reuters Lunaé Parracho; o correspondente da Rádio França Internacional (RFI) no Brasil, François Cardona; e o jornalista e assessor do Conselho Indigenista Missionário (Cimi), Ruy Sposati, foram retirados do canteiro de obras. Sposati foi multado em R$ 1 mil por ter contrariado uma sentença judicial de outubro de 2011, que o proibia de, junto com outras pessoas, voltar a ingressar no empreendimento.



Fenaj e o sindicato paraense classificaram o episódio como uma ;brutal agressão ao exercício profissional; e uma ;condenação a quem se dispõe a prestar o serviço da denúncia de diversos problemas vividos pela população da região à sociedade paraense e brasileira;. Para o consórcio, o posicionamento das duas entidades é fruto da desinformação.

;A Fenaj e o sindicato estão desinformados. Lamentamos não termos sido procurados para que pudéssemos esclarecer os fatos. É lamentável que as entidades contrariem um princípio básico do jornalismo, que é ouvir o outro lado;, disse há pouco, à Agência Brasil, o assessor do consórcio, Fernando Santana.

Santana garantiu que o consórcio não restringe ou impede o trabalho jornalístico, independente do teor das matérias. Segundo ele, além dos repórteres dos vários veículos que cobrem o assunto com regularidade, ao menos 64 profissionais de diferentes nacionalidades já visitaram o empreendimento para produzir reportagens especiais.

;Não há proibição ou limitação ao trabalho jornalístico, desde que o ingresso no canteiro de obras seja previamente agendado;, disse o assessor, criticando a iniciativa da Fenaj e do sindicato, que, segundo ele, coloca os três jornalistas na condição de ;pobres vítimas;.

;A área é privada e nela só deve entrar quem estiver autorizado pelo consórcio, que é quem responde juridicamente por qualquer coisa que aconteça no local. Os três citados entraram acompanhando os índios. Depois que todas as outras equipes jornalísticas deixaram a área, sem nenhum problema, os três permaneceram acampados no interior do canteiro. Durante o tempo que lá permaneceram, nenhum deles procurou o consórcio em busca de informações, para ouvir o outro lado. Se as entidades entendem que isso é o exercício da função jornalística, nós não concordamos. Para o consórcio, eram invasores;, disse Santana, acrescentando que o Consórcio Construtor Belo Monte defende a liberdade de imprensa e respeita o exercício da função, mas que a profissão não pode ser usada como álibi para a prática do ativismo ambiental.

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