Escravos em uma fazenda no interior de São Paulo, Jozé e Albina conquistaram a liberdade, pagando a quantia de 200 mil réis a título de indenização ao senhor, em janeiro deste ano. O casal de africanos, que não sabe ao certo há quanto tempo está em solo brasileiro nem usa sobrenome nos documentos referentes à alforria obtida, utilizou-se de um expediente inovador entre os negros cativos no Brasil: o recurso à Justiça. São cada vez mais comuns as ações de liberdade, muitas vezes patrocinadas por entidades abolicionistas espalhadas pelo país. Levantamento ao qual o Correio teve acesso mostra que um quarto dos pedidos é atendido pelos magistrados.
[SAIBAMAIS]
O número se refere às ações de liberdade ajuizadas no Tribunal de Justiça de Campinas, em São Paulo. De 1871 até hoje, 152 processos tiveram início naquele juizado, que deu ganho de causa aos escravos em 26,3% dos casos. Em 63,2%, o Judiciário determinou a manutenção da relação servil ou não há registros suficientes no arquivo da vara sobre o desfecho. Um acordo posterior entre senhor e escravo foi a solução encontrada em 10% dos litígios. Dos alforriados por determinação da Justiça, 52% são homens e 48%, mulheres.