postado em 18/05/2013 11:51
Preocupada com o possível aumento dos casos de violação dos direitos de crianças e adolescentes durante os eventos esportivos que o Brasil vai receber nos próximos anos, a Rede de Adolescentes e Jovens pelo Esporte Seguro e Inclusivo (Rejupe), ligada ao Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), está promovendo a partir de hoje (18) diversas ações nas 12 cidades-sede da Copa do Mundo de 2014. A iniciativa faz parte das mobilizações do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, neste sábado (18).Estima-se que aproximadamente 600 mil turistas circulem pelo país durante os jogos da Copa do Mundo.
Segundo o coordenador do programa do Unicef Cidadania dos Adolescentes, no Brasil, Mário Volpe, o objetivo das ações do Rejupe é dar visibilidade aos riscos a que estão expostos meninas e meninos e reforçar a importância de se denunciar situações de violência sexual. A rede foi criada em 2011 para garantir que jovens lideranças contribuam para a construção de um legado social positivo a partir dos eventos esportivos.
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[SAIBAMAIS]Considerado um crime pouco visível, o que dificulta a responsabilização dos agressores, a violência sexual contra crianças e adolescentes deve ser combatida, na avaliação de especialistas, principalmente com ações de prevenção.
;Nessas épocas, teremos grande circulação de pessoas em várias cidades, os hotéis ficarão lotados, e o controle dos locais onde ocorre o abuso será mais complexo. Por isso é importante reforçar as campanhas que alertam para o fato de que esse tipo de exploração é crime;, explicou.
;É preciso sinalizar de todas as formas que o Brasil está atento e comprometido com a defesa de crianças e adolescentes, fazendo todo mundo compreender que o país não tolera nenhum tipo de violação em relação a eles, passando pelo taxista que vai receber os turistas, por quem vai hospedá-los, pelos donos de restaurantes e pelos próprios turistas;, acrescentou.
Mário Volpe disse, ainda, que além das ações que ocorrerão em razão do Dia Nacional de Combate ao Abuso e à Exploração Sexual de Crianças e Adolescentes, mais atividades com o mesmo objetivo estão sendo planejadas para a abertura da Copa das Confederações, em 15 de junho, e para o dia 12 de outubro, quando se comemora o Dia das Crianças.
;O Brasil avançou muito nos últimos anos nesse tema, mas é preciso reforçar os mecanismos de prevenção que colocam o país em alerta para proteger crianças e adolescentes e assegurar que eles também participem desses eventos com alegria, de forma lúdica, sem serem negligenciadas;, ressaltou.
Em uma das ações para marcar o dia de combate, jovens da Rejupe em São Paulo estão divulgando em redes sociais, a partir de hoje (18), o vídeo do flash mob (mobilização geralmente combinada pela internet que reúne um grupo de pessoas em um lugar público para chamar a atenção para determinada causa) que fizeram esta semana na Avenida Paulista.
De acordo com o educador Rafael Alves, integrante da Rejupe em São Paulo, cerca de 40 jovens criaram e fizeram uma dança em que cada passo representa uma modalidade esportiva.
;Como não teríamos como veicular um vídeo como esse em grandes veículos, pensamos nas redes sociais pelo grande alcance que elas têm. Ao final do vídeo, após a dança, quando todos estão focados apenas no esporte, uma menina, vítima de exploração sexual, tenta sem sucesso chamar a atenção das pessoas;, explicou.
Alves acredita que o vídeo vai ajudar a sociedade a compreender que não se pode, em razão da euforia e da mobilização com os eventos esportivos, fechar os olhos para esse tipo de violação que ocorre todos os dias.
Também com o objetivo de mobilizar a população para o enfrentamento da violência sexual contra crianças e adolescentes, o Comitê Nacional de Enfrentamento à Violência Sexual Contra Crianças e Adolescentes e a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República (SDH-PR) lançaram, na última quarta-feira (15), a campanha "Faça bonito, proteja nossas crianças".
A estimativa é que mais de 3 mil municípios em todo o país participem de mobilizações em torno da data, que incluem palestras, workshops e caminhadas.
Durante o lançamento da campanha, a ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, disse que a população brasileira se mostra cada vez mais consciente em relação à exploração sexual de crianças e adolescentes.
Em 2012, a Secretaria de Direitos Humanos registrou 130.029 denúncias de violência contra crianças e adolescentes, por meio do Disque 100. O serviço de proteção, vinculado ao Programa Nacional de Enfrentamento da Violência Sexual contra Crianças e Adolescentes da SDH, funciona diariamente das 8h às 22h, inclusive nos fins de semana e feriados. As denúncias recebidas são analisadas e encaminhadas aos órgãos de proteção, defesa e responsabilização, de acordo com a competência e as atribuições específicas, no prazo de 24 horas. O sigilo da identidade do denunciante é garantido.