Jornal Correio Braziliense

Brasil

Campanha em estação de trem de SP alerta para fumo passivo de crianças

Até o final da tarde, cerca de 250 pessoas devem participar do evento

São Paulo ; Uma ação da Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) alertou hoje (29) passageiros paulistanos que passavam pela Estação Brás da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) sobre os malefícios do cigarro. A campanha focou os riscos da convivência de fumantes com crianças e adolescentes, que os tornam fumantes passivos.

Segundo o médico Márcio Sousa, coordenador do Comitê de Controle do Tabagismo da SBC, as crianças são altamente sensíveis à exposição do tabaco. ;Não adianta fumar na varanda, no quintal, no quarto, porque o cigarro está no cabelo, na pele, na roupa. Então, não é a fumaça apenas que contamina o ambiente, as partículas são microscópicas;, disse.

Até o final da tarde, cerca de 250 pessoas devem participar do evento. Além de receberem orientações, elas poderão fazer aferição de pressão arterial, dosagem de colesterol e glicemia, medição de peso, altura e circunferência abdominal, além de medição de monóxido de carbono por meio de um ;bafômetro;. Nesse teste, um resultado com nível abaixo de 5, para moradores da capital paulista (que respiram a poluição), significa que a pessoa não fuma. Já um resultado acima de 20 indica um fumante que consome um maço de cigarros ao dia e que fumou há pelo menos 1 hora.



;O fumante ativo tem uma exalação muita alta de monóxido de carbono e a gente consegue dosar com o bafômetro. Então, isso serve de guia para o fumante entender o quanto ele está fumando e o quanto ele está exalando de fumaça tóxica;, explica o médico.

O teste do bafômetro foi feito inclusive em crianças, como forma de aferir se há contaminação por tabagismo passivo. A sobrinha de Maria Cristina de Carvalho tem três anos de idade e seu exame deu normal, apesar da convivência com a tia que fuma há 8 anos. Maria, que é cuidadora de idosos, começou a fumar com 18 anos e tentou parar várias vezes. "Tenho dois filhos, um casal. Um de 20 e outra de 14 anos. Meus filhos pedem para eu fumar longe deles. Agora, estou tentando parar; disse, enquanto fazia os exames.

Manuel Batista Soares, 53 anos, é motorista carreteiro. Por 34 anos foi fumante passivo, pois inalava a fumaça dos cigarros de um colega de trabalho que o acompanhava nas viagens que fazia entre Brasil, Bolívia, Chile, Argentina e Uruguai. ;Ele fumava cinco maços por dia, todos os dias. Ele morreu em 2006 de enfisema pulmonar;, disse.

Márcio Sousa informou que muitos participantes da campanha estavam sendo orientados sobre como largar o cigarro. ;Parar de fumar é um desafio para o próprio fumante, porque são várias dependências juntas. Você tem a dependência química da droga, tem a dependência física de ficar segurando alguma coisa;, disse ele.

O médico disse ainda que, quando bem medicado, o paciente consegue superar de uma forma melhor a síndrome de abstinência do cigarro. O tratamento indicado para fumantes é fundamentado em dois pilares, explica ele. Um deles é a terapia comportamental e o outro é o tratamento medicamentoso, que auxilia na superação da abstinência. ;Hoje, a gente sabe que toda vez que entra com algum medicamento, a gente dobra a chance de o fumante parar de fumar. Seja com adesivo, pastilhas e gomas de nicotina, comprimidos;, informou.

Quem deseja parar de fumar pode ligar no telefone 136, do Ministério da Saúde, e perguntar sobre serviços médicos especializados nesse tipo de atendimento.