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Brasil afina esquema de segurança para a Copa do Mundo de 2014

O esquema será posto em prática na Copa das Confederações; o evento funciona como um teste para a Copa do Mundo, que será realizada no ano que vem

Agência France-Presse
postado em 11/06/2013 15:30
Rio de Janeiro - O Brasil organiza seu aparato de segurança para conter os níveis de violência durante a Copa do Mundo de 2014 e garantir a tranquilidade de milhares de pessoas que visitarão o país durante o maior evento esportivo do planeta.

"A segurança pública é uma grande preocupação, mas elaboramos um plano estratégico que está sendo aperfeiçoado", disse à AFP Valdinho Caetano, secretário especial do Ministério da Justiça para grandes eventos.

O plano, lançado em agosto de 2012, estabelece as zonas mais importantes a serem protegidas e a coordenação entre a força pública e a segurança privada, definindo como principais desafios o crime organizado, os ataques terroristas e os torcedores violentos.

O esquema será posto em prática na Copa das Confederações, que começa no próximo sábado em Brasília e termina no dia 30 de junho. O evento funciona como um teste para a Copa do Mundo, que será realizada no ano que vem.

Epidemia de violência


A média de homicídios no Brasil é de 27 para cada 100 mil habitantes, de acordo com dados de 2010, os mais recentes, destaca Julio Jacobo Waiselfisz, autor do estudo "Mapa da violência".

As 12 cidades que vão sediar o Mundial têm uma taxa superior a dez homicídios para 100 mil habitantes, o que as coloca "em situação de epidemia", explicou Waiselfisz à AFP. "E como toda epidemia, a violência cresce, se expande", alertou.



Salvador é cidade mais violenta das 12, com um índice de 69 homicídios para 100 mil habitantes. No Rio de Janeiro, que tem uma taxa de 27,9 homicídios, o governo começou em 2008 uma corrida contra o relógio para melhorar a segurança, expulsando os traficantes de drogas de dezenas de favelas situadas em regiões turísticas e estratégicas da cidade.

[SAIBAMAIS] Até agora, 32 "Unidades de Polícia Pacificadora" (UPP) foram instaladas em 179 das 750 favelas do Rio. Até 2014, 12.500 policiais serão mobilizados em 40 UPPs. Porém, alguns episódios recentes de violência na "Cidade Maravilhosa" acionaram o alarme.

Várias mulheres - incluindo uma jovem americana - foram estupradas em veículos de transporte público, um turista alemão foi atingido por um tiro na favela da Rocinha e uma corrida de 5 km "pela paz" nas favelas do Complexo do Alemão foi interrompida por tiros.

No último fim de semana, um engenheiro que foi buscar sua mulher no Aeroporto do Galeão errou o caminho e acabou entrando sem querer em uma das favelas do Complexo da Maré ainda não pacificadas. O homem ficou gravemente ferido depois de ter sido baleado na cabeça.

"Temos certeza de que esse tipo de coisa não vai ocorrer na Copa", assegurou Valdinho, que lembrou que cidades como o Rio estão acostumadas a organizar grandes eventos, como o carnaval, que acontece todos os anos.

Especialistas em terrorismo


"Tentar prever o que vai acontecer é futurologia", argumenta Waiselfisz. As autoridades consideram que "a possibilidade de terrorismo no Brasil é muito baixa", de acordo com o subsecretário de grandes eventos, Roberto Alzir.

Mesmo assim, querem prevenir qualquer tipo de vulnerabilidade que possa representar uma ameaça. A previsão é de que cerca de 50 mil policiais e 25 mil seguranças privados atuem durante a Copal.

O Exército contará com militares especializados em armas químicas e no combate ao terrorismo. Além disso, um grupo de agentes foi treinado pela polícia federal americana (FBI) para agir no caso de ameaças externas e no controle de multidões. A presença policial "será reforçada ainda mais nos dias de jogos das seleções que apresentem mais riscos de terrorismo", explica Alzir.

Dois aviões não tripulados sobrevoarão os estádios internacionais de Brasília e do Rio, na abertura e no encerramento da Copa das Confederações. Um total de 34 tanques antiaéreos alemães comprados pelo Brasil vão proteger um raio de 7 km a partir dos estádios, no início e no fim do torneio.

O país também comprou 15 robôs antibombas americanos que serão distribuídos entre as seis sedes da Copa das Confederações e, no ano que vem, entre as 12 sedes da Copa do Mundo. "Não queremos assustar a população, queremos que as pessoas se sintam seguras", disse o general Mario Heise, gerente do projeto, ao canal Sportv. Os aeroportos também serão fortemente vigiados.

A revista nos estádios será rigorosa. Será proibida a entrada de pessoas com sinalizadores, garrafas e até de instrumentos musicais, incluindo a caxirola. A proibição da caxirola, criada para o Mundial de 2014, que tinha o objetivo de ocupar o lugar a sul-africana vuvuzela, não foi aprovada para a Copa, explicou à AFP Hilário Medeiros, gerente de segurança do Comitê Organizador Local (COL).

A caxirola caiu em desgraça logo depois de ser utilizada como arma na partida entre Vitória e Bahia em Salvador, que terminou com a vitória de 2 a 1 da equipe rubro-negra pela última rodada da segunda fase do Campeonato Baiano. Torcedores furiosos do Bahia jogaram suas caxirolas no campo e em torcedores rivais.

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