Landercy Hemerson
postado em 17/06/2013 08:13
;Não foi acidente. Ele atirou consciente. Meu filho se tornou um escudo e me salvou da morte.; Com esse desabafo emocionado, o engenheiro de qualidade Sandro Magno Cotta, de 47 anos, falou no domingo (16/6) do assassinato a tiros de seu filho, João Pedro Avelar Cotta, de 2, durante o velório da criança no Cemitério da Glória, em Contagem. ;Não desejo mal para ele, mas espero que a polícia o encontre e seja feita justiça. Não quero fazer justiça com minhas mãos;, disse Sandro, que ainda vestia as roupas do hospital de onde saiu apenas para o enterro do menino.João Pedro morreu no fim da tarde de sábado (15/6), depois de ser atingido por um tiro. Ele estava junto com os pais e a irmã, de 6. A família foi atacada por um assaltante quando chegava em casa, na esquina das ruas Juca Flávio e José Gonçalves, no Bairro Inconfidentes, em Contagem. De acordo com Sandro, o homem invadiu o imóvel no momento em que retirava seu filho de dentro do carro em que trabalha, um Fiat Dobl;. ;Estava parado na garagem quando ele entrou armado. Meu filho estava no meu braço esquerdo, deitado no meu ombro. Eu disse a ele para ficar calmo, para ter paciência, pois ia entregar a chave do carro. Ele respondeu que estava calmo, mas então atirou três vezes;, recordou.
O engenheiro contou que, ao perceber que o tiro acertou seu filho, teve certeza de que ele tinha morrido, pois a bala atingiu na região do coração. ;Coloquei meu filho no chão e ainda tentei correr atrás do criminoso. Mas não dei conta, pois estava ferido.; Vizinhos, ao perceber os tiros, foram prestar socorro a Sandro e a João Pedro, levando-os no carro da família para o Hospital da Unimed, em Contagem. Mas a criança chegou seu vida. O engenheiro ficou ferido no ombro e na perna e será submetido a cirurgia, já que sofreu uma fratura.
Indignação
No domingo (16), o clima de revolta tomou conta do Cemitério do Glória. Até mesmo pessoas que estavam num velório ao lado falavam do crime com indignação, reclamando da falta de segurança e a impunidade dos criminosos. O primo e padrinho de João Pedro, o conferente Henrique Avelar, de 21, falou com descrença sobre as apurações. ;A polícia apresentou a foto de um suspeito, mas o Sandro não o identificou como sendo o criminoso. Estão tentando prendê-lo, mas de que adianta, se logo estará na ruas? Amanhã ou depois já esqueceram o caso, mas uma família foi destruída;, afirmou Henrique. ;É uma situação inacreditável. O Pedro estava no colo do pai e o homem atirou.;
O conferente descreveu seu afilhado como um ;anjo; cheio de alegria. ;Ele estava começando aprender a falar e gostava muito de conversar.; João Pedro foi velado e enterrado no Cemitério do Glória. A mãe dele, a comerciante Maris Cotta, ficou ao lado do caixão o tempo todo e preferiu não falar sobre o crime. Até o começo da noite nenhum suspeito havia sido preso.