Brasil

Cerca de 100 mil pessoas ocupam a Avenida Paulista, em São Paulo

Petistas e membros do Movimento Passe Livre se desentendem durante manifestação

Luisa Ikemoto
postado em 20/06/2013 16:51

Jovens ocuparam a Avenida Paulista
Em São Paulo, o ponto de encontro escolhido pelos manifestantes para esta quinta-feira (20/6) foi a Praça do Ciclista, na Avenida Paulista. O protesto conseguiu reunir 100 mil pessoas, segundo a PM. Cerca de 3 mil policiais foram destacados para fazer a segurança. Petistas foram expulsos do movimento. Em Ribeirão Preto, um manifestante morreu atropelado.

"Um indivíduo atropelou um grupo de três pessoas e um homem morreu" em Ribeirão Preto, 330 km de São Paulo, informou a polícia militar no Twitter. Este foi o primeiro óbito nos protestos que há dez dias sacodem o Brasil. Segundo a imprensa local, o veículo tentou passar por um grupo de manifestantes que bloqueava uma rua e atropelou três pessoas.

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Confusão entre militantes do PT e membros do MPL

Já na capital paulista, a presença de militantes do PT ocasionou discussões com membros do Movimento Passe Livre (MPL). Após pontos de tumulto e princípios de confusão, cada grupo foi para um lado da avenida. Enquanto os militantes do partido gritavam por "democracia" e "sem fascismo", os membros do MPL gritavam "sem partido" e chamavam os militantes de "oportunistas".

Manifestantes queimaram bandeira do PT

Ao se aproximar do prédio da TV Gazeta, as ameaças aumentaram. A PM não chegou a fazer nenhuma interferência, e os próprios manifestantes tentaram fazer um cordão de isolamento para proteger os partidaristas. Após agressões e manifestantes apartidários queimarem bandeiras do PT e da CUT, petistas recolheram as bandeiras e sairam do protesto sob vaias.

[SAIBAMAIS]Parte dos manifestantes chegaram à Praça da República, por volta das 21h, enquanto outros grupos seguiam protestando pela cidade. As duas principais aglomerações estavam na Assembléia Legislativa, e no centro da cidade. A Rua Augusta também foi ocupada.

Após a Polícia Militar liberar a Avenida Paulista, por volta das 23h40, o registro era de um ferido em tumulto entre militantes do PT e manifestantes, e uma pessoa detida por carregar coquetel molotov.



Trânsito
O trânsito na avenida, no sentido Paraíso, na altura do ponto de encontro já estava fechado por volta das 16h, às 17h30 ambos os sentidos da Paulista estavam interditados. A Zona sul registrava vários pontos de lentidão. Policiais que circulam pelo local do protesto estão desarmados.

Trânsito de São Paulo fica interditado em vários pontos, devido a manifestação


Por volta de 19h, a manifestação bloqueiou as rodovias Presidente Dutra, na altura do km 58, Anchieta, nos km 10 e 40 e Anhanguera, no km 24. A Marginal Tietê foi totalmente bloqueada por manifestantes, no sentido Rodovia Castelo Branco.

Reinvidicações
Representantes do Movimento Passe Livre (MPL) disseram que o protesto marcado para hoje, além de comemorar a revogação do aumento nas tarifas do transporte público na capital, anunciada ontem pelos governos municipal e estadual, lembrar das pessoas que seguem presas ou sofrendo processo criminal devido às manifestações.

;Segunda-feira, todo paulistano vai pagar mais barato no metrô, trem e ônibus. Só que muita gente se feriu e muita gente está respondendo processo ou segue detida por isso. Então, eu acho que a população deve se sensibilizar e a gente deve continuar na rua para que todos os processos sejam retirados. Essas pessoas não devem responder processo por uma vitória popular;, disse Mayara Vivian, militante do MPL.

Desde a manifestação de terça-feira (18), quando 29 pontos comerciais, entre lojas e bancos, sofreram depredações e até saques, continuam presas 30 pessoas, sob acusações diversas, como furto qualificado e formação de quadrilha. Tiveram processo instaurado, no total, 29 pessoas ; 14 da primeira semana de protestos e 15 da segunda. ;A gente está trabalhando com um grupo de advogados apoiadores e a defensoria pública para tentar arquivar ou retirar todas as acusações;, informou o militante do MPL, Douglas Belome.

De acordo com Belome, o MPL vai auxiliar todos os manifestantes presos, mesmo que sobre eles recaiam acusações como furto, por acreditar que muitos tenham sido presos injustamente. ;Depois que a manifestação já tinha acabado, muitos manifestantes que estavam circulando pela rua foram presos pela polícia e eram manifestantes que não tinham cometido nenhum ato de furto ou qualquer vandalismo que seja;, disse.

Quanto aos atos de depredação e pichação ocorridos durante os protestos, Mayara disse acreditar que a violência não é o caminho, mas compreende certas atitudes. ;Essa insatisfação popular, que às vezes se traduz nesses atos que se excedem um pouco mais, ela deve ser compreendida no grau de insatisfação muito grande da população. Ela está respondendo dessa forma a uma violência primeiro do Estado, de não ter dinheiro para pagar ônibus, de ser espoliado, de ser oprimido na periferia;, disse.

Os militantes do MPL declararam que vão reivindicar, agora, a tarifa zero no transporte público em São Paulo, mas ainda não sabem se continuarão a promover manifestações nas ruas. ;A nossa bandeira é pelo transporte público. E ele não vai ser público de fato enquanto existir tarifa. A gente vai continuar trabalhando pela conquista da tarifa zero;, disse Belome.

Com informações da Agência Brasil

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