Cerca de 300 mil manifestantes tomaram o centro da cidade do Rio, e um grupo tentou invadir a prefeitura. Aumentou a tensão após o lançamento de um rojão dentro do prédio. A prefeitura foi isolada pelo Regimento de Cavalaria e Guarda municipal. A Tropa de Choque foi posicionada no interior do prédio para evitar uma possível invasão. Segundo informações da Secretaria de Saúde, pelo menos 44 pessoas foram feridas.
Manifestantes jogaram pedra na polícia, que revidou com bombas de efeito moral. A Cavalaria chegou a entrar em confronto com um pequeno grupo. Foram usadas balas de borracha durante a confusão, e algumas pessoas deixaram a manifestação. A multidão saiu da frente da prefeitura e foi para a Rua Afonso Cavalcanti, que dá acesso ao prédio.
Carros foram incendiados e prédios depredados no centro. Um grupo colocou fogo em um veículo de reportagem do SBT. Até o momento, seis pessoas foram presas, suspeitas de saquear lojas e bancos. Policiais impedem que protesto chegue ao Maracanã.
A Força Nacional, que estava nas proximidades do estádio, foi deslocada para a Avenida Presidente Vargas, onde ocorre tumulto entre Batalhão do Choque e integrantes do protesto. Bombeiros tentam apagar incêndio provocado nas barricadas da Avenida Presidente Vargas, no Terreirão do Samba.
Protesto terminou se dividindo, metade seguiu na direção do estádio e o restante foi para a Central do Brasil. Na Presidente Vargas, vários focos de incêndio persistem. Por precaução, estações do metro foram fechadas: Uruguaiana, Presidente Vargas, Central, Praça Onze e Cidade Nova.
Protestos seguiram na Avenida Rio Branco, na Praça Mauá e em outros pontos da cidade. Uma cabine da PM pegou fogo próximo à Central do Brasil. Estudantes da Universidade Federal do Rio de Janeiro ficaram presos dentro do prédio da instituição, por medo de serem presos aleatoriamente por policiais militares que rondavam a região.
Concentração
O grupo se reuniu nas ruas de Candelária, e 120 homens do 5; Batalhão da PM tinham sido destacados para acompanhar o protesto. A cavalaria também participa do esquema de segurança.
A movimentação chegou a interditar alguns trechos da Avenida Presidente Vargas, no centro da cidade. Homens do Batalhão de Choque, Batalhão de Operações com Cães e uma ambulância da PM se posicionaram preventivamente ao lado da prefeitura da cidade, destino final da caminhada.
Os jovens protestavam contra a inflação, contra a Copa das Confederações, pela valorização de professores e mais escolas de qualidade. Uma carreata de taxistas cruzou o protesto, por volta das 17h, em buzinaço, em apoio ao ato.
Dezenas de ambulantes aproveitaram a manifestação para faturar algum dinheiro. Além de vendedores de bebida e lanches, o estoque dos camelôs de bandeiras do Brasil e de máscaras do personagem de histórias em quadrinho "V" do filme Vingança, que tem sido usada por jovens em vários protestos pelo país, esgotaram rapidamente.
[SAIBAMAIS]"Vim para manifestação e como um camelô esperto, escolhi trazer uma coisa leve e que sai rápido", disse Ricardo Albuquerque, de 37 anos, que trouxe 100 bandeiras, das quais vendeu cerca de 70, a RS 10 cada. Ele também esteve no protesto de segunda-feira (17).
Ja o camelô Renato Amorim, de 28 anos, quase esgotou o estoque de 50 máscaras do "V", vendidas por RS 10. "Tá tudo errado. Como é que um professor baleado fica sem atendimento", criticou em referência ao episódio que ocorreu no final de semana, quando um professor foi baleado na cabeça perto da favela da Mangueirinha, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense, no último domingo (16).
Descontente com o sistema de sáude e a educação, o vendedor de picolé Carlos Eduardo Faro, de 17 anos, reclamou dos investimentos em eventos esportivos, como a Copa do Mundo de 2014. "Como tem dinheiro para Copa [do Mundo] e o povo sem escola decente?", disse ele. "Tô aqui para vender e reclamar disso", acrescentou.
Polícia quer paz
A PM do Rio distribuiu panfletos pedindo paz aos participantes da manifestação. Em trecho do texto, a PM pede: ;Sem violência, paz. Ajude-nos a proteger você. Afaste-se dos que insistem em vandalizar uma manifestação pacífica;.
O panfleto traz ainda explicações da PM sobre sua posição com relação às manifestações. ;A Polícia Militar não reprime manifestações nem é contra a liberdade de expressão, mas tem como maior valor a proteção à vida. Sua atuação tem a finalidade de manter um princípio básico da democracia: a convivência pacífica;, argumenta a corporação.
Aos participantes da manifestação, de acordo com o texto, ;a PM pede que, no ato de se manifestar, evitem aderir a movimentos destrutivos que nada acrescentam ao debate democrático;. A corporação ainda apela para que a população colabore contra os atos de violência, afastando-se dos que praticarem depredações: ;O patrimônio público é de todos, portanto, ele é seu também. Ajude a PM nessa missão;.
A Polícia Militar disse que foram confeccionados 20 mil panfletos para serem distribuídos durante a concentração na Candelária.
Maracanã
Policiais da Força Nacional de Segurança impediram a entrada de cartazes com frases de protesto nas proximidades do Estádio Jornalista Mário Filho, Maracanã. Torcedores que chegavam para ver o jogo entre Espanha e Taiti tiveram as mochilas revistadas e o material apreendido.
Torcedores com frases que não faziam menção a protestos entraram com faixas e cartazes. Foi o caso de um torcedor que tinha escrito ;Força, Taiti;. Ele pôde passar pela barreira e entrar no estádio. A PM e a Força Nacional de Segurança montaram barreiras nos principais acessos ao estádio.
No Viaduto Oduvaldo Cozzi, por exemplo, que é usado por torcedores que descem da estação do metrô de São Cristóvão, há três barreiras, que só perrmitem a aproximação ao estádio de pessoas com ingresso para o jogo. Além dessas barreiras, há soldados do Batalhão de Choque da PM posicionados para agir em caso da aproximação de manifestantes.
O torcedor Téo Benjamin criticou as medidas. "É uma grande burrice porque a pessoa que não está com ingresso não vai conseguir entrar. Eu, por exemplo, estou com ingresso de uma outra pessoa [para entregar]. Tem que ver como vou fazer para encontrá-la, agora".
Dois carros blindados da Polícia Militar estão em frente a Escola Técnica Federal (Cefet). Há 50 homens da Força Nacional de Segurança de prontidão em frente à Rua Mata Machado, um dos principais acessos ao estádio.
De acordo com o secretário Municipal de Transportes, Carlos Roberto Osório, não há problemas para a chegada de torcedores ao estádio. "Por enquanto não há grandes problemas no acesso ao estádio, porque os torcedores atenderam ao pedido para virem de transporte público. Essas barreiras da Polícia Militar são importantes para não haver mistura dos torcedores com pessoas que não têm nada a ver com o jogo", disse.
Com informações da Agência Brasil