Juliana Braga
postado em 23/06/2013 08:00
Cerca de 150 índios mundurukus sequestraram, na tarde de sexta-feira, três biólogos contratados pela Eletrobras. Os pesquisadores faziam estudo de impacto ambiental para instalar a hidrelétrica São Luís Tapajós e Jatobá, no Pará, operada por um consórcio formado pelas empresas Eletronorte, Camargo Correia, GDF Suez e Eletrobras. Os índios amarraram os biólogos, e, até o fechamento desta edição, eles não haviam sido libertados. Eles reclamam de desrespeito à Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que determina que os indígenas devem ser sempre consultados antes de qualquer decisão tomada pelo poder público e que possa afetá-los. O grupo exige conversar com um representante da Eletrobras e alega que vão confiscar o material de pesquisa coletado até agora.
Os biólogos sequestrados pelos índios eram contratados pela empresa Concremat, terceirizada pela Eletrobras. Segundo nota oficial da estatal, Djalma Nóbrega (mastozoólogo), Luiz Peixoto (ictiólogo) e José Guimarães (ictiólogo) estavam na região de Mamãe-Anã, realizando estudos de fauna e flora para licenciamento socioambiental para o ;possível Aproveitamento Hidrelétrico de Jatobá;. Ainda de acordo com a nota, nenhum dos lugares visitados pelos pesquisadores é terra indígena. ;É importante ressaltar que tais estudos são benéficos para a sociedade brasileira, pois permitem que se conheça melhor a fauna e flora locais;, justifica a nota. No final da tarde, um técnico da empresa Oi, que não teve seu nome divulgado, foi ao local conversar com os biólogos e acabou sendo também retido pelos índios.
Diante da situação, o governo federal decidiu enviar um grupo de sete representantes da Secretaria-Geral da Presidência, do Ministério da Justiça e do Ministério de Minas e Energia para tentar negociar a liberação dos presos. Eles viajaram no final da tarde de ontem, mas em vez de irem a Jacareacanga, onde estão os índios e reféns, foram para Itaiatuba, distante cerca de 350 km. Por estarem em desvantagem numérica, o grupo avaliou que seria arriscado a abordagem direta e solicitou o acompanhamento de uma equipe de segurança. A Secretaria-Geral não soube informar se seria um efetivo da Polícia Federal ou Força Nacional.