Os três biólogos sequestrados por índios mundurukus na última sexta-feira (21/6), na comunidade de Mamãe-Anã, no município de Jacareacanga, no Pará, estão em liberdade. Em troca da soltura de Djalma Nóbrega, Luiz Peixoto e José Guimarães, os índios exigiram a imediata suspensão dos estudos de impacto ambiental para a implantação de usinas hidrelétricas no Rio Tapajós. A negociação, por parte do governo, foi conduzida por duas funcionárias da Fundação Nacional do Índio (Funai), embora a Secretaria-Geral da Presidência da República (SG-PR) também tenha enviado servidores ao Pará. Outro ponto acertado no encontro com os caciques mundurukus foi a realização de uma nova reunião, em julho, para definir como será feita a consulta aos índios, para a construção do complexo de usinas. O procedimento é obrigatório, de acordo com a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT).
[SAIBAMAIS]Segundo os índios que participaram da reunião, Lucia Alberg, assessora da presidência da Funai, anunciou que estava ;suspenso qualquer estudo na região" relativo à construção de hidrelétricas no Rio Tapajós. A reunião com os índios se deu em praça pública, no município de Jacareacanga, local onde os biólogos permaneceram amarrados durante todo o domingo. ;É humilhante ficar amarrado em praça pública. Causa abalo psicológico. Imagine receber a ameaça de ser queimado vivo, ter a cabeça cortada. Isso é terrível, é tortura;, argumentou o secretário nacional de Articulação Social da Secretaria-Geral da Presidência da República, Paulo Maldos. Os índios negaram qualquer tipo de tortura ou maus-tratos contra os biólogos, mas anunciaram que não devolverão os equipamentos dos biólogos, com os dados da pesquisa.