Brasil

"Protestos refletem insatisfações da velha nova classe média", diz ministro

A renda dos brasileiros 10% mais pobres, por exemplo, cresceu 550% mais rápido que a dos 10% mais ricos. Já o rendimento de uma família chefiada por analfabeto subiu 88,6%, no período

postado em 27/06/2013 17:33
Segundo Neri, os avanços da última década aceleraram a queda da desigualdade
Rio de Janeiro -
O ministro interino da Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República e presidente do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea), Marcelo Neri, avaliou nesta quinta-feira (27/6) que os protestos que tomaram o país nos últimos dias podem estar refletindo mais uma insatisfação da ;velha nova classe média; do que dos pobres com os serviços públicos. ;Uma possibilidade é que essa nova classe média seja a ;velha nova classe média;. Ela vem ascendendo há dez anos, são 40 milhões de pessoas que, talvez, queiram outras coisas além do ganho de renda e do trabalho, como educação de qualidade e de saúde;, disse o ministro.

Segundo Neri, os avanços da última década aceleraram a queda da desigualdade. A renda dos brasileiros 10% mais pobres, por exemplo, cresceu 550% mais rápido que a dos 10% mais ricos. Já o rendimento de uma família chefiada por analfabeto subiu 88,6%, no período. ;Não está claro quem são [os manifestantes], mas suspeito que não seja mulher negra de periferia;, disse.



Na avaliação dele, a melhora das condições de vida da parcela mais pobre ;pode ter gerado certo inconformismo em pessoas que se sentiram ficando para trás;. Porém, para ele, a insatisfação é contra os serviços públicos de educação e de saúde, públicos e privados, de maneira geral, pois na última década houve ganhos individuais em todas as classes. ;As condições objetivas de vida dos brasileiros melhoraram, mas talvez, as aspirações dos brasileiros aumentaram mais do que o que foi entregue, gerando uma insatisfação com o sistema e menos contra o que as pessoas observam diretamente em suas vidas;, disse Neri.

Apesar dos avanços, no entanto, o ministro avalia que há espaço para avanço. ;Esse é o lado positivo dos protestos, se levar a gente a investir mais e melhor em saúde e educação, saímos desses protesto muito melhor do que entramos;, concluiu Neri, que é economista.

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