Jornal Correio Braziliense

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Profissionais da saúde fazem protesto pedindo veto de trechos do Ato Médico

Cerca de 300 profissionais de saúde de 13 categorias fizeram mais um protesto no fim da tarde de hoje em Brasília pedindo que a presidenta Dilma Rousseff vete trechos do Projeto de Lei 268/02, que regulamenta a medicina. Para enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, biomédicos e outras nove categorias, a aprovação da proposta na íntegra é um retrocesso para a saúde brasileira.

A categoria com maior número de manifestantes foi a de optometristas, profissionais que cuidam da saúde primária dos olhos e que atuam principalmente medindo o grau de óculos. De acordo com Vilmario Antonio Guitel, presidente do Conselho Regional de Óptica e Optometria de São Paulo, a profissão vai ser extinta caso a presidenta Dilma sancione o Ato Médico integralmente, pois o projeto diz que é ato privativo dos médicos a indicação de órteses, em que estão inclusos os óculos.

Em frente ao Congresso Nacional, 26 optometristas e estudantes de optometria estão acampados fazendo greve de fome desde ontem, pedindo o veto do projeto de lei.

Segundo Leonardo Reis, oftalmologista conselheiro do Conselho Federal de Medicina, os optometristas prescrevem óculos na clandestinidade. ;Hoje a correção de grau é atribuição do oftalmologista;, pontua. A profissão não tem regulamentação, porém o Ministério da Educação reconhece cursos de graduação em optometria.

Para os profissionais não médicos da saúde, a total sanção do projeto acarretaria em uma hierarquia no serviço de saúde, no qual ficariam todos os profissionais da saúde subordinados ao diagnóstico do médico. Para Pedro Maia, fisioterapeuta, a lei que regulamente as outras profissões ter as competências do profissional, enquanto o Ato Médico traz o que é privativo dos médicos é algo estranho. Para Roberto d;Ávila, presidente do Conselho Federal de Medicina, há um erro de interpretação e o cidadão é livre para escolher qual profissional vai atendê-lo.

A presidenta Dilma Rousseff tem até o dia 12 pra avaliar o projeto, mas o deputado Ronaldo Caiado (DEM-GO) adiantou que a última palavra é da Câmara dos Deputados. ;Ao veto da presidente cabe a derrubada do veto no Congresso, ela não dá a última palavra. Se ela vetar, nós derrubaremos o veto no momento em que formos apreciá-lo;, disse o deputado.

Os manifestantes saíram da Biblioteca Nacional pela Esplanada dos Ministérios rumo ao Palácio do Planalto, com uma parada no Ministério da Saúde. Chegando ao Planalto, os profissionais queriam falar com a presidenta. Manuel Messias, da Secretaria-Geral da Presidência da República, garantiu que a presidenta vai atender a representantes das categorias até o dia 11.