Agência France-Presse
postado em 05/07/2013 21:32
São Paulo ; Após uma manifestação em frente à prefeitura municipal de São Paulo, no Viaduto do Chá, no centro da capital, os moradores da Favela do Moinho conseguiram se reunir na noite de hoje (5/7) com o secretário municipal de Habitação, José Floriano de Azevedo Marques Neto, e agendaram uma nova reunião com ele para a próxima quinta-feira (11/7), na Favela do Moinho. O horário da reunião ainda não foi revelado.A Favela do Moinho, que está localizada embaixo do Viaduto Orlando Murgel e ao lado de uma linha férrea, foi atingida por dois grandes incêndios nos anos de 2011 e 2012. Segundo os moradores, cerca de 400 famílias ainda vivem no local. No ano passado, durante a campanha eleitoral, o atual prefeito Fernando Haddad visitou o local e prometeu aos moradores que iria ;trabalhar muito para regularizar a situação do terreno;.
;Eles não deram horário definitivo [para a reunião], mas a gente já teve um bom avanço que foi conversar e eles vão colocar água para a gente e melhorar [o local], fazendo uma canalização dos esgotos;, disse Alessandra Moja Cunha, uma das líderes comunitárias que participou da reunião. Procuradas pela Agência Brasil, tanto a prefeitura municipal quanto a secretaria de Habitação confirmaram que o secretário se reuniu com um grupo de dez moradores da comunidade e propôs uma nova reunião para a próxima quinta-feira. Os manifestantes disseram que, caso o acordo não seja cumprido, haverá um novo protesto na próxima sexta-feira. ;Queremos moradias, mas melhorando [as condições] lá, já dá para parecer uma moradia melhor;, disse ela.
A reunião, no entanto, não satisfez o coordenador-geral da comunidade, Humberto José Marques Rocha. ;Não [ficamos satisfeitos com a reunião de hoje]. Queremos a presença dele [secretário] e do Haddad [o prefeito Fernando Haddad] lá;, disse.
Na tarde de hoje, os manifestantes saíram do Viaduto Engenheiro Orlando Murgel, na região da Barra Funda, e seguiram em caminhada pela Avenida Rio Branco, passando pelo Largo do Paissandu e Viaduto do Chá, com destino à prefeitura municipal. A caminhada teve início por volta das 16h de hoje e o grupo chegou à prefeitura por volta das 17h30, quando receberam a notícia de que um grupo dos manifestantes iria se reunir com o secretário.
A reunião com o secretário durou cerca de uma hora. Enquanto subiam para a reunião na sede da prefeitura, o restante dos moradores ficou do lado de fora cantando, gritando e projetando no prédio da prefeitura vídeos dos moradores e da campanha eleitoral em que Haddad prometia que iria regularizar a situação dos moradores.
Os moradores apresentaram ao secretário uma lista de reivindicações, em que pediram regularização fundiária do terreno; urbanização da comunidade; água, luz, esgoto e coleta de lixo no local e equipamentos de combate a incêndio, entre outros.
;A gente não quer Bolsa Aluguel. Queremos moradias para a gente, de preferência por aqui mesmo;, disse Sandra Regina, mãe de Alessandra, que vive há 17 anos no local. ;Queremos morar no centro. Dezoito anos é uma história. Temos uma história no centro. Queremos o terreno para morar. Aqui no centro temos escola, creche, mercado, hospital e tudo perto. Temos tudo ao redor;.
Maria Cristina dos Santos, que mora no local há nove anos com seus quatro filhos, se emociona ao falar que tem medo de ser expulsa. ;Temos medo de eles colocarem a gente para fora sem direito a nada;, falou à Agência Brasil. Maria Cristina diz que recusou a Bolsa Aluguel porque, segundo ela, não dá para viver no centro de São Paulo com o valor que é pago, de cerca de R$ 450, que foi oferecida pela prefeitura a alguns moradores para que deixassem de viver lá.
Por meio de nota, a Secretaria de Habitação informou que o processo de desocupação da Favela do Moinho teve início em 2012, logo após o incêndio que atingiu o local. Na época, 810 famílias foram cadastradas. Desse total, 50% recebem o auxílio-moradia e aguardam as unidades definitivas. Segundo a secretaria, não há ainda nada definido sobre o destino do local, cuja área pertence à União e é ;100% cercada por trilhos, operados pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM);.