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Policiais acusados de matar detentos no Carandiru são julgados em São Paulo

A previsão é de que cinco dos 25 policiais e ex-policiais, acusados de participação na morte de 111 presos no complexo do Carandiru

postado em 31/07/2013 12:16
Cruzes foram colocadas em frente à Faculdade de Direito da Universidade de São Paulo (USP), abril deste ano, em homenagem aos mortos presos na Penitenciária massacre do Carandiru
[SAIBAMAIS]A terceira etapa do julgamento do massacre do Carandiru começou com aproximadamente duas horas de atraso, a previsão era de que os trabalhos fossem retomados às 10h. Apenas cinco dos 25 policiais e ex-policiais, acusados de participação na morte de 111 presos no complexo do Carandiru, em outubro de 1992, aceitaram prestar esclarecimentos à Justiça nesta quarta-feira (21/7). Os réus são interrogados no Fórum da Barra Funda, zona oeste de São Paulo.



O primeiro a prestar depoimento foi o Coronel Valter Alves Mendonça. O militar - que atualmente não está na ativa - informou que os policiais receberam autorização para entrar no Pavilhão 9 do presídio. "O Secretário de Segurança nos disse que, se fosse necessário entrar no Pavilhão 9, que estávamos autorizados", afirmou. "Meu grupo ficou responsável por entrar no segundo andar. Havia muitas barricadas quando invadimos" acrescentou.

Cela destruída após rebelião na Casa de Detenção CarandiruSegundo Valter, o diretor do presídio estava muito agitado e dizia que a situação estava incontrolável. De acordo com o réu, o Coronel Ubiratan teria coordenado a entrada das tropas no local. "Assim que entramos, me deparei com quatro corpos de detentos, um deles sem cabeça", conta.

Na ocasião, o militar afirmou que os policiais estavam sem arma não letal, só possuíam revólver e submetralhadora."Nós gritávamos para eles entrarem na cela. Vimos muitos clarões de estampidos vindo na nossa direção. Tivemos que revidar. Houve troca de tiros com indivíduos que estavam no fundo do corredor", contou. O coronel disse que a tropa de 400 homens, não tinha treinamento específico para entrar em presídios, mas que elaboraram um plano de ação antes da invasão.

Mendonça citou que chegou a socorrer os presos feridos. Ressaltou que ele e outros policiais foram agredidos com estiletes e pauladas.

O promotor chegou a questionar se o réu conhecia tenente-coronel Luiz Nakaharada, que na época comandou a invasão da Rota no 3; pavimento do presídio. "Conheço, sim. É um dos meus ídolos", respondeu o réu. Nakaharada deve ser julgado na última etapa do júri. Ele é o único que responde individualmente pela morte de cinco pessoas. Além do tenente-coronel, Valter afirmou que conhece o soldado Cirineu Letang, que participou da invasão. Cirineu é acusado de matar dezenas de travestis.

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