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Defesa no caso Carandiru diz que Fleury deveria ser julgado no lugar da PM

Para a advogada Ieda Ribeiro de Souza é "vergonhoso, indecente e inconcebível" o fato de Fleury alegar que não tinha conhecimento do que ocorria no Carandiru

postado em 02/08/2013 18:26
São Paulo ; A advogada Ieda Ribeiro de Souza acusou nesta sexta feira (2/8) o ex-governador de São Paulo Luiz Antonio Fleury Filho de irresponsável, por não ter tomado a frente na rebelião que terminou com a morte de 111 detentos no Pavilhão 9 da antiga Casa de Detenção de São Paulo. O caso, ocorrido no dia 2 de outubro de 1992, ficou conhecido como Massacre do Carandiru. ;Quem deveria estar aqui sendo julgado é Fleury;, disse Ieda, que defende policiais acusados das mortes. A segunda etapa do julgamento entrou nesta sexta-feira (2/8) na fase final.

Para a advogada, é ;vergonhoso, indecente e inconcebível; o fato de Fleury alegar que não tinha conhecimento do que ocorria no Carandiru . Em depoimento, o ex-governador explicou que os fatos ocorreram na véspera das eleições municipais e que, no dia, ele estava em Sorocaba, no interior do estado, em campanha com um candidato da cidade. Fleury disse que foi informado sobre uma rebelião em São Paulo, mas que ;as coisas estavam sob controle;.

Ieda disse que Fleury demonstrou irresponsabilidade quando disse que foi dormir com a ideia de havia 40 mortos na rebelião. ;Ele tinha que ter ficado acordado para ver o que estava acontecendo, porque 40 mortes já seriam inconcebíveis;, afirmou a advogada. ;Ele não foi [até o presídio] porque tinha costas quentes politicamente;, acrescentou.

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A advogada questionou, além disso, a fidelidade quanto aos números que estão sendo apresentados pela promotoria. Inicialmente, os 25 policiais militares eram acusados pela morte de 73 presos, mas os promotores reduziram esse número para 52. ;Se nem o Ministério Público tem certeza da numeração, então por que vou exigir desses homens?;, perguntou.

Ieda pediu empatia aos jurados na hora de refletir sobre os fatos daquele dia. ;Você teriam agido diferente? Eles [policiais] são seres humanos;, afirmou Ieda. Na opinião da advogada, a Polícia Militar (PM) não tinha estrutura suficiente para garantir a segurança dos 360 policiais que entraram no presídio. Eles não usavam coletes à prova de balas e, naquela época, não existiam armas não letais, explicou.

Após a apresentação da defesa, estão programadas a réplica e a tréplica, que devem durar cerca de duas horas cada. A decisão dos jurados deve sair ainda hoje, durante a madrugada.

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