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Comissão da Alerj contesta relatório da polícia sobre caso Amarildo

Segundo o deputado Marcelo Freixo (PSOL/RJ), presidente da comissão, há um "abismo" entre o documento e a transcrição das gravações que o deputado incluiu no relatório

postado em 15/08/2013 16:24
O presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro, deputado Marcelo Freixo (PSOL/RJ), entregou à chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, pedido de esclarecimentos sobre o relatório do ex-delegado adjunto da 15; Delegacia de Polícia (Gávea) Ruchester Marreiros, a respeito do desaparecimento do pedreiro Amarildo de Souza. Segundo o deputado, há um "abismo" entre o documento e a transcrição das gravações que o deputado incluiu no relatório.

"O conteúdo não é só diferente, é antagônico. O nome dos traficantes não aparece e sim o nome do policial que fez a prisão do Amarildo. Há um abismo entre o que o delegado diz que tem em uma determinada escuta e o que a transcrição oficial, que consta nos autos, tem como conteúdo", explicou o deputado.

De acordo com o deputado, a gravação em que o delegado afirma ser mencionado o termo "boi", por traficantes, associado por Marreiros a Amarildo, não tem esse conteúdo na transcrição oficial, que também está anexada à investigação. Em vez disso, segundo o deputado, na gravação não consta o nome dos traficantes, mas o do policial Vidal, que é chamado de Vital, como alguém que poderia explicar o sumiço de Amarildo. De acordo com Freixo, a chefe de polícia prometeu investigar para dar um retorno o mais rápido possível.



Freixo comentou o trajeto do carro da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Rocinha, que transportou Amarildo. O trajeto foi obtido por meio do GPS do rádio, que registrou a passagem do veículo pelo centro e pela zona portuária, por quatro batalhões e pelo Hospital Central da Polícia Militar.

"O GPS mostra algo muito preocupante. O trajeto feito por aquele carro não é normal, ainda mais em uma noite como aquela. Tem que ser explicado", disse o deputado, que entende ser a falta de respostas o pior cenário para as UPPs: "O pior não é se chegar à conclusão de que houve um problema com a polícia, o pior é termos cada vez mais perguntas e as respostas não chegarem nunca", disse o deputado.

A Secretaria Estadual de Segurança Pública informou, por meio de nota, que os dados do GPS do rádio foram anexados ao inquérito e que sua obtenção foi demorada por ter sido feita de forma manual. De acordo com a secretaria, o georreferenciamento é uma função secundária dos rádios, à qual se teve que recorrer porque o GPS principal instalado na viatura estava quebrado.

O presidente da comissão foi também ao Ministério Público Estadual entregar o ofício em mãos ao procurador-geral Marfan Vieira. Caberá ao promotor Homero das Neves analisar o documento.

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