Jornal Correio Braziliense

Brasil

Manifestantes prometem se reunir BH para repudiar apresentação de presos

Os 15 detidos em BH, nos protestos de 7 de setembro, podem ser indiciadas por desacato a autoridade, formação de quadrilha, crime contra o patrimônio e resistência a prisão



Os detidos em BH podem ser indiciadas por desacato a autoridade, formação de quadrilha, crime contra o patrimônio e resistência a prisão. Eles estão no Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp) da Gameleira, Região Oeste de BH, e serão transportados para o local da apresentação. De acordo com a Polícia Civil, alguns manifestantes ficaram na porta da cadeia na manhã de hoje em apoio aos presos. Um grupo de militantes e amigos se reuniu também na noite de domingo para tentar ajudá-las. Eles reclamam de violência e afirmam que os presos ficaram incomunicáveis.

[SAIBAMAIS]Segundo a advogada Débora Araújo, do grupo Advogados Voluntários, as pessoas que ficaram presas já foram identificadas pela polícia em outras manifestações. Ela e seis advogados passaram a noite acompanhando os depoimentos de todos os detidos, inclusive os menores de idade. ;Os policiais estavam em busca de membros do Black Bloc. Não sei se as pessoas presas são de fato do grupo;, afirmou. Ela disse ainda que não presenciou nenhum caso de abuso por parte da polícia e que os manifestantes detidos foram liberados aos poucos até as 4h de ontem, quando finalmente todas as oitivas foram concluídas.

A procuradora-geral de Prerrogativas da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-MG), Cíntia Ribeiro Freitas, contou que a entidade também acompanhou os depoimentos para se certificar de que direitos constitucionais dos detidos estavam sendo respeitados. ;Acompanhamos toda a operação na delegacia e no Centro de Crianças e Adolescentes. Atuamos também para que os advogados tivessem seus direitos respeitados;, disse. Segundo ela, alguns dos detidos disseram que um estudante de história havia sofrido maus-tratos e tido o braço quebrado. ;O diretor da unidade prisional me garantiu que todos os presos passaram pelo IML (Instituto Médico Legal) para fazer exame de corpo de delito e estavam bem;, afirmou.

Já a advogada do PSTU e da central sindical CSP-Conlutas, Luziane Gusmão, que esteve no Ceresp no final da tarde de ontem, contestou a informação e afirmou que há manifestantes que foram machucados pela Polícia Militar e que a maioria deles não conseguiu se comunicar com suas famílias. ;Os estudantes estão tensos, a situação é de muita pressão, as acusações são absurdas e as prisões arbitrárias. Teve gente presa porque estava correndo;, ela disse.

Segundo a advogada, haverá uma reunião com familiares dos presos para decidir o que será feito. Um pedido para que eles respondam às acusações em liberdade deve ser apresentado amanhã. Do lado de fora do Ceresp e sem conseguir se comunicar com um colega que foi preso, Evandro Nobre Pelegrini, de 24 anos, afirmou que o jovem foi levado a um hospital antes de ser encaminhado para a prisão e que ele estava com o braço muito inchado. ;Ele tem o cabelo grande. Cortaram o cabelo dele, como faziam no Dops. Ele está com o braço muito inchado e levou dois tiros de bala de borracha;, afirmou.